Delegado diz agora que Gan Gan é o autor do atentado no Rio

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Por Agencia Estado
Atualização:

A polícia civil está caçando o traficante Irapuan Lopes Mendes, o Gan Gan, que teria comandado o atentado contra a sede administrativa da prefeitura do Rio na madrugada de segunda-feira, a mando de Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, preso em Bangu 1. Gan Gan chefia o tráfico de drogas no Morro da Coroa, no Centro, região em que fica o prédio, atacado com mais de 220 tiros e duas granadas. Seu nome foi citado hoje pelo delegado titular da Delegacia da Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Ricardo Hallack, que investiga o caso. Na terça-feira, o delegado apontou como suspeito o traficante Thiago da Mineira, que domina o morro vizinho. "Na área da 6.ª Distrito Policial (Cidade Nova) tem o Gan Gan, que atualmente é um dos grandes líderes do Terceiro Comando, a mesma facção criminosa do Uê. Pode ser uma tentativa de desviar a atenção da polícia", disse Halak. De acordo com o policial, Gan Gan estaria "sufocado", pois seu morro, o mais importante hoje para o TC, é cercado pelos rivais do Comando Vermelho - que constantemente tentam tomar seus pontos de venda de tóxicos - e sofre incursões regulares das polícias Civil e Militar. Halak disse que as recentes prisões de Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, e de familiares de Uê, enfraqueceram o TC. O diretor do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), Sérgio Henriques, confirmou que entre as 132 cápsulas de munição para fuzil encontradas no local do crime há seis da marca Wolf, fabricada nos EUA e muito usada pelo Exército russo. A munição é rara no Rio e foi usada também em um atentado contra a 27.ª Distrito Policial (Vicente de Carvalho), cometido em 3 de março pela quadrilha do traficante André Merran, ligado a Uê. Merran foi morto em confronto com a polícia no dia seguinte. O próximo passo da investigação é comparar as cápsulas apreendidas nos dois ataques. Também entrarão nos testes de balística, munições do mesmo tipo encontradas na área da 28.ª DP. Henriques afirmou que o resultado do laudo de balística deve ser divulgado no máximo em 15 dias. Esse laudo é peça fundamental para que a polícia prossiga investigando a hipótese de que traficantes do TC praticaram o atentado. O diretor do ICCE disse ainda que, pela munição encontrada, pelo menos dois fuzis diferentes foram usados na ação, provavelmente um FAL e um AK-47. A munição da marca Wolf (7,62 x 39 mm) serve para esse último e quatro outros fuzis. Henriques disse ser impossível calcular o número total de disparos que atingiram a sede da prefeitura. Para Halak, o atentado não foi motivado pelas declarações do prefeito César Maia, que recentemente disse que os bandidos devem ser mortos em nome da segurança. Uma das duas granadas usadas no ataque à prefeitura não foi detonada. Por meio de seu número de série, a polícia oficiou o fabricante do explosivo, a RJC, de Lorena, em São Paulo. A empresa terá que informar para quem a granada foi vendida. O Ministério do Exército, que fiscaliza o comércio de armas, também foi oficiado. A governadora Benedita da Silva (PT) disse hoje que, por causa da escalada da violência no Rio, a questão segurança tem sido priorizada em detrimento de outras áreas, como a social. "Fomos atropelados pelas circunstâncias", afirmou Benedita. "A questão da segurança tomou um corpo enorme e, por se tratar de um ano eleitoral, é evidente que ela se destacou".

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