Delegado diz que ver terrorismo em golpe do telefone "é histeria"

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Por Agencia Estado
Atualização:

O delegado da Polícia Federal de Foz do Iguaçu (PR), Joaquim Mesquita, atribuiu à uma "histeria antiterrorista" as supostas ligações de um caso policial que começou a ser investigado nesta terça-feira na vizinha cidade de Cascavel com as organizações responsáveis pelos atentados de 11 de setembro em Nova Iorque, nos Estados Unidos. A vinculação do caso aos atentados terroristas circulou durante a noite em sites de notícias da Internet, foi o assunto do dia nas ruas de Cascavel, que pertence à jurisdição da Polícia Federal de Foz do Iguaçu, e tirou a tranqüilidade do delegado. "Passei o dia atendendo à imprensa do Brasil inteiro para falar sobre isso", desabafou Mesquita, no final da tarde. Entre os meses de junho e agosto deste ano, quatro rapazes alugaram uma casa de fundos na cidade de Cascavel, instalaram duas linhas telefônicas que haviam acabado de comprar com documentos provavelmente frios, de um tal José de Fátima Carnietto, ainda não identificado pela polícia, e desapareceram no início de setembro deixando uma conta de R$ 95 mil. Quando os rapazes deixaram a casa, o proprietário do imóvel abriu os envelopes com as contas da Embratel e descobriu que haviam centenas de ligações telefônicas para Sudão, Egito, Arábia Saudita, Paquistão e Afeganistão, além de Estados Unidos, Canadá, Itália, Inglaterra, Rio de Janeiro, São Paulo e Foz do Iguaçu. Foi o suficiente para instaurar o que o delegado Mesquita chama de "histeria antiterrorista". "A notícia correu pela região, e todo mundo relacionou o caso aos atentados terroristas", pondera Mesquita. Mas o delegado tem outra interpretação para os fatos. "Há inúmeras investigações de estelionato, como esta, em curso na Polícia Federal e na Polícia Civil da região", revela ele. De acordo com Mesquita, espertalhões descobriram há alguns meses essa forma de ganhar dinheiro fácil na região. Eles compram um telefone e fazem ligações para terceiros, que realmente têm que falar com o exterior, cobrando pelo "serviço" preços muito abaixo das tarifas telefônicas normais. A região é propícia para o golpe. Recebe turistas do mundo inteiro, é centro de importação e exportação e sede de um vasto mundo marginal de contrabando e tráfico de drogas. "E é bom lembrar que a região tem uma colônia árabe muito grande", diz o delegado.

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