Demitido, Eduardo Jorge volta a criticar Marta

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Por Agencia Estado
Atualização:

O governo bem que tentou, mas não conseguiu apagar o incêndio político provocado pela saída do secretário municipal da Saúde, Eduardo Jorge. Nesta sexta-feira, o secretário do Governo Municipal, Rui Falcão, convocou entrevista coletiva na Prefeitura e negou o loteamento político na administração municipal. Momentos antes, na zona leste, Eduardo Jorge voltava a denunciar a pressão de vereadores pela distribuição de cargos nas coordenadorias de saúde das subprefeituras. ?Se minha saída contribuir para que esses apetites fisiológicos que pressionam a prefeita sejam contidos, acredito que tenha dado mais uma contribuição?, disse Jorge, durante a inauguração de uma Unidade de Saúde da Família (USF) em Ermelino Matarazzo, na zona leste. Em seu último dia de trabalho, ele voltou a afirmar que a demissão foi provocada por motivos técnicos e políticos ?Existe uma pressão na Câmara para entrar pessoas indicadas?, disse Jorge, referindo-se à possível indicação de vereadores para ocuparem coordenadorias de saúde, que podem ter se transformado em mais uma moeda política nas relações entre o Executivo e o Legislativo. ?Há uma nova conjuntura em relação às subprefeituras de janeiro para cá?, afirmou. Ele lembrou que, desde que assumiu o cargo, no início do governo, deixou claro para a prefeita Marta Suplicy (PT) que não queria misturar trabalho e política partidária na sua área. ?Quando deixei o mandato de deputado federal falei para a prefeita: ?Marta, me deixe fora dos fuxicos do PT?.? Ele também fez uma crítica indireta às relações entre o partido e as administrações petistas. ?Não quero saber dessa luta interminável por nacos de poder que hoje parece ser a motivação básica de alguns setores do nosso partido?, afirmou, sem especificar que setores seriam esses. Jorge voltou a defender a expansão do Programa Saúde da Família (PSF), outro motivo de sua demissão. Ele afirmou que, apesar de defender a expansão do programa, Marta pretende aplicar os recursos em outras áreas da saúde, como reforma de hospitais. E novamente cutucou: ?Se o Sayad (João Sayad, secretário das Finanças) tivesse me dado dinheiro, eu também teria reformado os hospitais.? Durante a inauguração da USF, o médico sanitarista Eduardo Jorge deixou no ar seu futuro político e profissional. ?Sou médico concursado do Estado. Vou trabalhar em qualquer lugar.? Ele também fez um apelo para que os funcionários continuem em seus cargos e colaborem com o novo secretário e a administração. Na cerimônia desta sexta, alguns servidores lotados em cargos de confiança disseram que já puseram seus cargos à disposição da secretaria. ?Continuo apoiando o governo e pretendo ajudar no que for possível?, afirmou. O secretário do Governo negou qualquer caráter político na demissão do secretário, que classificou como um ?ato administrativo?. Segundo Falcão, o afastamento foi provocado por motivos técnicos, como problemas no atendimento nas unidades básicas de saúde e hospitais municipais. Outro ponto criticado por ele foi o serviço prestado pelas ambulâncias. ?A prefeita fez uma avaliação global da área da saúde e entendeu que era preciso imprimir mudanças e, para isso, era necessário trocar o comando da secretaria.? Ele negou possíveis divergências entre Jorge e a prefeita. ?O secretário está há dois anos e dois meses no cargo e a nossa política de alianças debatida na campanha tem sido praticada desde o primeiro dia de governo?, disse. Falcão admitiu, entretanto, que o PSF não será expandido na velocidade defendida pelo secretário. ?O Programa Saúde da Família ficará estabilizado. É um bom programa, mas não é hora de expandi-lo?, disse. Ele afirmou ainda que a proposta, a partir de agora, é concentrar o PSF nas regiões em que a população mais reclama por atendimento de saúde. Os recursos serão dirigidos para os hospitais municipais e unidades básicas de saúde (UBS).

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