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Denarc apreende cocaína da máfia libanesa

Por Agencia Estado
Atualização:

Fadi Hassan Nabha, de 28 anos, vivia em um apartamento na Aclimação e tinha um restaurante e um açougue, que fornecia carne para a comunidade muçulmana. Esse homem baixo, magro, de cabelos curtos, foi preso na quarta-feira pelo Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), acusado de ser um dos líderes da máfia libanesa no Brasil. A polícia estima que o grupo movimentava de 400 a mil quilos de cocaína por mês, no mercado interno ou no Oriente Médio, para onde viajavam de 30 a 40 pessoas, as chamadas "mulas", todo mês. A prisão de Nahba é resultado de uma investigação que começou há dois anos. "Eles são um grupo muito fechado, é difícil obter informações", disse nesta quinta-feira o delegado Ivaney Cayres de Souza, diretor do Denarc. Um exemplo é o fato de não usarem telefones. Os contatos são pessoais e dificilmente eles estabelecem relações com brasileiros ou não-muçulmanos. A droga era colombiana. Os libaneses pagavam US$ 2 mil pelo quilo do material, enviado para Foz do Iguaçu. De lá, a cocaína vinha para São Paulo. No mercado interno, revendiam-na por US$ 4.500 o quilo. No Líbano, a mesma quantidade vale US$ 60 mil. Os policiais afirmam que o grupo aliciava, principalmente, desempregados para o transporte. Cada uma recebia até US$ 3 mil por viagem. Durante a investigação, o Denarc vigiou o açougue e o restaurante, na Rua Barão de Ladário, no Brás. Nesta quarta à noite, os policiais notaram Nabha, conhecido como Mohamed, saindo do açougue e seguiram-no até o Shopping Center Norte. Quando saiu, foi preso no estacionamento. No porta-malas do carro, havia 30 quilos da droga. Perto, em um Mitsubishi Colt, os policiais detiveram às 22h30 o comerciante Abdul Moneym Kassem Ahmad, de 33 anos, que acompanhava Nahba. Em outros dois veículos, os policiais apreenderam mais 12 pacotes de 1 quilo de cocaína. Ao serem interrogados, os dois mantiveram-se calados. Durante o tempo em que estava sendo formalizada a prisão em flagrante, eles começaram a rezar - eles fazem cinco orações por dia. A polícia continua a investigar o grupo e espera realizar mais prisões. Uma investigação sobre a possível ligação de um bicheiro com o tráfico levou a polícia a apreender 50 quilos de maconha e 10 armas com o comerciário Paulo da Silva Dias, de 56 anos. Ele foi preso em flagrante e é acusado de tráfico de drogas e porte ilegal de arma. O material teria vindo do Paraguai. Segundo o delegado Pedro Pórrio, do Denarc, a droga seria vendida no interior e as armas seriam usadas por criminosos para roubar cargas. "Nosso serviço de inteligência investigava esse caso havia três meses", disse Pórrio. Os policiais descobriram que o material estava escondido em uma casa em São Roque. O delegado investiga a informação de que a droga pertence a um bicheiro conhecido como Nitamar.

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