PUBLICIDADE

Denarc vai substituir policiais e mudar métodos de trabalho

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma reestruturação completa, com a substituição de policiais e mudança no método de trabalho, será aplicada no Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) de São Paulo pelo novo diretor Ivaney Caires de Souza, que deve assumir na quinta-feira. Policiais envolvidos em sindicâncias e processos serão remanejados. Os acusados de casos graves como extorsão e tráfico, ficarão à disposição da Corregedoria da Polícia Civil. De janeiro de 1999 a abril deste ano foram instaurados 137 inquéritos, 46 processos e 220 sindicâncias pela Corregedoria contra policiais do Denarc, por corrupção, extorsão e faltas administrativas. Muitas sindicâncias foram transformadas em processos administrativos e determinaram a demissão de policiais. O novo diretor do Denarc substituirá Marco Antonio Ribeiro de Campos, que após três anos colocou o cargo à disposição. A decisão de Campos deve-se aos últimos acontecimentos envolvendo oito investigadores e um delegado acusados de extorsão, tortura e tráfico internacional de cocaína. Souza declarou que "a disciplina e a hierarquia devem ser cumpridas" pelos policiais do Denarc. "Quero saber onde estão e o que fazem nas ruas." Ele pretende "setorizar" as equipes para evitar que se repitam fatos como os da Cracolândia, no começo do ano, onde os policiais encarregados de prender os traficantes na região central de São Paulo foram filmados pelo Ministério Público extorquindo dinheiro e torturando vendedores de crack e cocaína. Desde o começo do ano chefiando a Polícia Civil na região de Sorocaba, Souza será substituído por José Maria Coutinho Florenzano. Ele tem planos de levar para o Denarc 27 policiais que serão transferidos de Sorocaba. Para um dos pontos mais delicados do departamento, a Divisão de Investigações sobre Entorpecentes (Dise), Souza escolheu o delegado Everardo Tanganelli Júnior. "Vamos desenvolver um método novo e nosso objetivo é colher os frutos desse trabalho rapidamente", ressaltou o novo diretor. Delegados e investigadores deverão prestar contas do trabalho todos os dias. "Com a distribuição das equipes para determinadas áreas da cidade deve ficar mais fácil controlar e cobrar o trabalho", acredita. As investigações no Denarc demoram, as vezes, meses. Souza vai exigir que relatórios sejam feitos ao fim de cada plantão. "Vai acabar o método utilizado há anos que é sair do departamento sem que a chefia saiba o que os policiais estão fazendo. Quem não aceitar as novas regras pode pedir para sair. Os que ficarem saberão como queremos a conduta." O Denarc tem 407 policiais. Os investigadores são a maioria. Em 2000, a Corregedoria da Polícia instaurou contra os policiais do departamento 31 inquéritos, 3 processos e 67 sindicâncias. em 2001, 11 inquéritos, 7 processos e 43 sindicâncias. Este ano, até hoje, foram instaurados 5 inquéritos e 11 sindicâncias. O delegado João Miziara, da Corregedoria, explicou que nem todos os inquéritos e processos administrativos são por crimes de corrupção, extorsão ou envolvimento com criminosos. A maioria é por falta administrativa como ausência ao trabalho, desrespeito ao superior e não cumprimento da ordem de serviço.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.