Dengue gera crise em hospital do Rio

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A epidemia de dengue no Rio, que até ontem registrava 39.420 casos e 23 mortes na cidade, gerou uma crise no hospital da Universidade Federal do Rio de Janeiro por causa do aumento do consumo de plaquetas na emergência. Ontem, o estoque desse componente do sangue - usado em transfusões para vítimas de doenças graves, entre elas a dengue - chegou a zero e o hospital teve que apelar para funcionários para suprir a necessidade dos pacientes internados. O Serviço de Hemoterapia do hospital calcula que são necessários pelo menos 80 doadores diários para repor o estoque de plaquetas. No hospital, há 17 vítimas de dengue internadas, cinco delas com a forma hemorrágica. Nos doentes de dengue, a reposição de plaquetas geralmente é feita nos casos muito graves, hemorrágicos ou não, quando o vírus provoca a queda drástica no número de plaquetas. "Tivemos que correr e fazer um apelo a funcionários e à imprensa para conseguir atender as necessidades de nossos pacientes", afirma Carmen Martins Nogueira, chefe do Serviço de Hemoterapia. Em tempos sem epidemia, o hospital precisa de, no mínimo, 60 doadores diários de plaquetas, que são usadas em vítimas de leucemia e linfoma. Mas por causa da dengue a demanda cresceu para 80 doadores diários e, na semana passada, o número de doadores não chegou a 40. "É importante deixar claro que é preciso manter a regularidade das doações. Sem a ajuda das pessoas, não podemos ajudar ninguém porque infelizmente o sangue artificial ainda não existe", acrescenta Carmen. Para retirar apenas as plaquetas do sangue dos doadores, o hospital está utilizando um método especial (chamado aférese), que consegue separar os componentes do sangue durante a doação. Por esse método, o doador precisa ficar uma hora e meia no banco de sangue, em vez dos 40 minutos tradicionais, mas as plaquetas podem ser utilizadas imediatamente. Para doar, a pessoa tem que ter entre 18 e 60 anos e pesar mais de 50kg. O hospital tira dúvidas sobre doações pelo telefone 0XX-21-25622401 ou pela internet, respondendo questões enviadas para o endereço eletrônico hemoter@hucff.ufrj.br. Mortes suspeitas O número de mortes no município do Rio pode subir para 24 se for confirmada a suspeita de que Michele Martins, de 22 anos, morreu em conseqüência de dengue hemorrágica. Moradora da zona norte da cidade, Michele morreu anteontem depois de ficar internada por quase um mês. Como a causa ainda está sendo investigada, a Secretaria Municipal de Saúde ainda registra 23 mortes. Outra suspeita de morte por dengue está sendo investigada no município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Almir Teixeira, de 32 anos, morreu na última sexta-feira. A Coordenadoria de Saúde Coletiva também aguarda o resultado dos exames para confirmar se a causa da morte foi dengue. No Estado, o balanço oficial conta 29 mortes por dengue, mas o número real deve chegar a pelo menos 35 porque as secretarias municiais de municípios do Grande Rio confirmaram outras seis mortes por dengue no último fim-de-semana. Almir e Michele podem elevar mais ainda o total de mortes para 37.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.