Os 700 detentos do Presídio de Salvador aceitaram encerrar na manhã de hoje a rebelião iniciada no domingo depois que as autoridades carcerárias concordaram em atender parte das reivindicações. O agente penitenciário que estava mantido como refém foi libertado sem ferimentos e os 208 familiares que permaneciam dentro da unidade, para evitar uma invasão da tropa de choque da Polícia Militar, deixaram o local. Muitas mulheres e crianças, em estado de choque e desidratadas, tiveram de receber atendimento médico. Como a direção do presídio determinou o corte do fornecimento de comida e água desde o inicio da rebelião presos e os parentes se alimentavam com a pouca comida estocada nas celas. No entanto, o sufoco foi grande, conforme relatou a mulher de um dos detentos que não quis se identificar e passou todos esses dias ao lado do marido. "A gente precisou matar todos os gatos do presídio para comer", disse em tom sério apesar da situação insólita. Antes de deixarem o Presídio de Salvador os familiares dos detentos receberam comida e água da direção. Alguns ameaçavam processar a Secretaria da Justiça do Estado se as crianças que permaneceram no local tiverem problema de saúde devido ao longo período sem alimentação. Para acabar com a rebelião a comissão negociadora concordou em liberar a entrada de alimentos, jornais e revistas trazidos pelos parentes. A implantação de seis horas para o banho de sol e o segundo dia de visita semanal, outras reivindicações dos amotinados serão estudadas, mas só devem ser acatadas se houver bom comportamento dos internos nos próximos meses. O movimento no Presídio Salvador começou na manhã de domingo no momento em que terminava um motim na Penitenciária Lemos Brito, situada ao lado.