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Deputado quer vagões só para mulheres no metrô do Rio

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Assembléia Legislativa (Alerj), Jorge Picciani (PMDB), apresentou projeto de lei polêmico criando vagões exclusivos em metrôs e trens para transporte de mulheres nos horários de pico. O deputado acha que a medida impedirá abusos contra as mulheres, principalmente quando viajam em vagões lotados. "O projeto de lei não impede que mulheres andem em vagões mistos, mas aquelas que se sentem sob constrangimento por ficar espremidas entre dois homens terão oportunidade de se proteger", afirmou o deputado. Picciani disse que o Disque-Alerj recebeu queixas de mulheres vítimas do assédio em trens e metrôs e tomou a iniciativa de propor a lei. "O projeto não está fechado. Vamos discutir e chegar a um consenso", disse. A historiadora da Universidade Federal Fluminense Sueli Gomes Costa, que estuda as relações entre gênero, considerou a divisão de vagões um retrocesso. "A segregação não ajuda as políticas igualitárias. Isso fundamenta ainda mais elementos de uma cultura que quer apartar o diferente. Depois do vagões para mulheres, o que teremos? Vagões para negros, para gays", indagou a professora. Picciani rebate as críticas de retrocesso. "Essa é uma casa de vanguarda, onde 20% dos deputados são mulheres, quando na Câmara Federal esse índice não passa de 8%". O deputado ganhou o apoio da deputada Heloneida Studart (PT), que passou por constrangimentos nos trens da Central do Brasil, quando jovem. "Fui constantemente assediada nos vagões superlotados. E não conseguia nem me defender. Às vezes tinha que mudar de lugar três ou quatro vezes", contou. "Não vejo o projeto como discriminatório contra os homens, mas como forma de proteger as mulheres", afirmou. Já a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres da Alerj, Cida Diogo (PT), criticou o projeto. "A segregação não ajuda o fortalecimento da luta das mulheres. Seria mais importante debater a segurança nos vagões, discutir a instalação de câmeras, criar campanhas educativas", defendeu. A concessionária Metrô Rio não quis se pronunciar sobre o projeto de lei. A Supervia, que administra os trens, informou que nunca recebeu reclamações de passageiras sobre o assédio - o que não significa que o problema não exista.

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