Deputados do PSOL acusam a PF de já saber a origem do dinheiro e não divulgar

Para os ex-petistas Chico Alencar e Cid Benjamin, é fácil descobrir de quais contas o dinheiro para pagar o suposto dossiê foi sacado, mas a PF "está segurando para ganhar tempo até a eleição"

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Os candidatos a deputado federal pelo PSOL, Chico Alencar e o jornalista Cid Benjamin, que abandonaram o PT após o escândalo do mensalão, acusaram a Polícia Federal de omitir o nome dos correntistas das contas de onde saiu o dinheiro apreendido no episódio do Dossiê Vedoin por interesse eleitoral. "É muito fácil descobrir que contas são essas e quem sacou esse dinheiro, a polícia só não descobre se não quiser", disse Chico Alencar. "A PF já sabe, mas está segurando para ganhar tempo até a eleição", concluiu Benjamin. Para Chico Alencar, é praticamente impossível que o dinheiro tenha saído do Rio sem o conhecimento do Diretório Estadual do PT. Ele também disse acreditar que o recurso tenha sido levantado com deputados do partido. "Não seria de estranhar que um setor do PT que sempre apoiou o Campo Majoritário fizesse sua colaboração. Sempre tem homens de confiança dispostos a fazer essa lambança", disse ele, sem citar nomes. "O PT resolveu fazer um curso com o (Paulo) Maluf (ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, acusado de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, corrupção e evasão fiscal), mas faltou a algumas aulas", ironizou Chico Alencar. Ele disse acreditar que o ex-ministro e deputado federal cassado José Dirceu (PT-SP) tenha participado das negociações para a compra do suposto dossiê contra o candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra. "O Zé é incorrigível, um articulador nato", afirmou. Cid Benjamin disse ter a impressão que as contas são de laranjas, "o que seria muito mais difícil de explicar". Ele estranhou o fato de a PF ter divulgado que parte do dinheiro teria saído de duas agências do Bank Boston (compradas pelo Itaú) supostamente em Campo Grande, na zona oeste, e em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Na relação de agências publicada no site do banco, não há registro em nenhuma dessas localidades. A maior parte do dinheiro em reais apreendido com Gedimar Passos e Valdebran Padilha foi sacada de agências dos bancos Bradesco, Safra e BankBoston. A parte em dólar estava identificada com tarjas do Bureau of Engraving and Printing, órgão dos EUA equivalente à Casa da Moeda. Não se sabe ainda qual o trajeto dos dólares para chegar a São Paulo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.