Desabrigados de terreno da Oi voltam a se reunir na prefeitura

Eles estão sendo cadastrados para possível auxílio com moradia pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, mas cobram solução mais rápida do governo

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Por Roberta Pennafort
Atualização:

RIO - Descontentes com o acordo feito nesta segunda-feira, 14, com a prefeitura, cerca de 500 desabrigados, retirados semana passada do prédio da Oi que haviam invadido no Engenho Novo, na zona norte da cidade, voltaram a se reunir na sede administrativa da Cidade Nova. Eles estão sendo cadastrados para possível auxílio com moradia pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, mas cobram solução mais rápida do governo. Nesta terça-15, receberam apoio do Black Bloc.

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Entre os desabrigados, uma minoria mais exaltada fez tumulto na Avenida Presidente Vargas: quebrou o vidro de uma ambulância com uma pedra, que feriu o motorista no rosto, destruiu parcialmente um ponto de ônibus e retirou a chave de um caminhão de entrega de supermercado, deixado parado na via. De acordo com a PM, os black blocs também participaram da confusão, lançando pedras.

As famílias, muitas com bebês de poucos meses de vida e crianças que estão faltando a escola, chegaram de manhã cedo à prefeitura, com o intuito de retomar o acampamento, iniciado na sexta-feira passada, com a desocupação do edifício da Oi. Só que encontraram a frente do centro administrativo tomada por guardas municipais, em parte munidos de escudos e  vestidos com armaduras. A conta era quase um guarda para cada desabrigado. À tarde, os ânimos se acirraram e houve confronto com os guardas, mas ninguém ficou ferido.

As famílias estão sendo registradas para levantamento de sua situação socioeconômica. Os cadastros serão analisados para futura inclusão no programa Minha Casa Minha Vida, caso se enquadrem nos critérios do governo federal.

Pessoas que não estavam no prédio da Oi e também querem casa para morar já teriam se juntado ao grupo. Elas partem do pressuposto de que os invasores serão considerados prioritários na fila por um imóvel. A maior parte dos desabrigados vive de favor na casa de parentes ou paga aluguel caro demais para o orçamento familiar. Mas até líderes admitem que não estão lutando por uma casa para si.

"Eu tenho meu cubículo no Mandela (favela da zona norte). Estou aqui pelo meu filho, que é dependente químico e mora na rua", disse Moisés Eliezer, de 41 anos, um dos que ajudam a organizar as doações de roupas, fraldas e comida que chegam com alguma regularidade. "Eu quero um pedaço de chão para o meu filho. Tenho meu canto em Manguinhos (outra favela da zona norte)", conta Marcia Seabra, da comissão que vem negociando com a prefeitura.

Pressão. A intenção é continuar pressionando o governo - um dos gritos ouvidos na segunda-feira, quando o acampamento ganhou a adesão de outros movimentos sociais, era "na luta, com garra, a casa sai na marra".  "Eles oferecem o Minha Casa Minha vida, mas isso leva cinco, dez anos. Para onde eu vou? A gente queria um cheque na mão, um aluguel social", disse o pedreiro Carlos Alberto Santos, de 42 anos, que está dormindo na rua com a mulher e o filho de apenas 2 meses há cinco dias.

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