Desmanteladas quadrilhas que usavam apartamentos para tráfico

Quinze pessoas foram presas durante a operação

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Por Agencia Estado
Atualização:

A polícia desbaratou nesta quinta-feira duas quadrilhas que usavam apartamentos e casas em endereços nobres de Niterói, no Grande Rio, como boca-de-fumo. Durante quatro meses de investigação, os agentes do Serviço de Repressão a Entorpecentes acompanharam a movimentação de clientes, fizeram escutas telefônicas e identificaram 16 pessoas. Quinze estão presas, entre elas uma advogada, um publicitário e três músicos. Um homem permanece foragido. Essa foi a sexta operação da SRE-Niterói para coibir o chamado "tráfico do asfalto", em 1 ano e 8 meses. Cerca de 50 pessoas foram presas, a maioria foi condenada por tráfico e associação para o tráfico. "O tráfico do asfalto é tão nocivo quanto o do morro porque financia o traficante que está na favela e dissemina a droga com mais facilidade. Quem nunca experimentou não começa subindo morro", afirmou o delegado Luiz Marcelo Xavier. A operação desta quinta-feira foi batizada de João Teimoso, alusão à insistência dos criminosos de manterem a venda de drogas em apartamentos. Entre os presos, dois são acusados de serem os principais fornecedores da zona sul. Mário Moraes de Oliveira Júnior, de 47 anos, foi preso na Rua Moreira César, num apartamento de classe média alta, com cocaína, dinheiro, cheques e uma caderneta de contabilidade. As investigações indicam que ele é o grande varejista de Icaraí. Segundo investigadores, ele recebia telefonemas com encomendas e repassava a droga para os clientes na portaria do prédio, numa lanchonete ou numa cafeteria na esquina. A quadrilha agia sem discrição, a ponto de os moradores do edifício Vila Real tratarem da venda de drogas no prédio numa reunião de condomínio - a polícia recebeu cópia da ata. Vizinhos chegaram a aplaudir os agentes, quando Oliveira e outras três pessoas deixaram o prédio presos na manhã de hoje. De acordo com a polícia, Oliveira também repassava a droga para ser revendida. Entre os acusados de integrarem o esquema está o paulista Bruno da Matta Berk, de 25 anos, preso num prédio na mesma rua do Vila Real. "Ele não tem nada a ver com isso. Os pais dele são donos de um curso de idiomas em São Paulo e ele veio para estudar administração", disse a namorada dele, que não quis se identificar. As investigações apontam o publicitário Ayres Dimitri de Freitas Vinagre, de 37 anos, como o principal fornecedor no bairro de São Francisco. Dos presos, seis estavam ligados a ele. A polícia tem informação de que ele agia desde 1999. Considerado o mais articulado, fazia ligações curtas, falava em códigos, dava pistas falsas sobre o seu paradeiro. Na casa dele havia 81 papelotes de cocaína, além da droga ainda em pedra. De acordo com os investigadores, os trabalhos estavam centrados na quadrilha de Icaraí, até o dia em que faltou droga. Wagner Garcia Monteiro, acusado de ser um dos distribuidores de Mário Oliveira, telefonou para Farne Ferreira Pinto, que, segundo a polícia, recebe drogas de Vinagre, pedindo ajuda para se reabastecer. Estava fechado o elo. Prisões As prisões começaram no dia 5 de julho, quando a advogada Gladys Soares Bastos, de 42 anos, foi presa em flagrante por tráfico no seu apartamento, também em Icaraí. O namorado dela, o restaurador Dreik Stefano Longo da Fonseca, de 37 anos, foi preso nesta quinta-feira. Segundo a polícia, ele fazia entregas para a namorada. Ao contrário das outras quadrilhas, em que os envolvidos eram jovens que vendiam drogas para adolescentes, essas eram formadas por pessoas na faixa dos 40 anos. Os clientes também eram mais velhos. A polícia vai intimá-los para depor. Os presos tiveram prisão temporária decretada por 30 dias e vão responder por tráfico e associação para o tráfico, crimes cujas penas somadas vão de 7 a 25 anos.

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