Detenta morre após rebelião em Magé, no Rio

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Por Agencia Estado
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Uma presa morreu e nove foram baleadas depois que a polícia invadiu a Casa de Custódia de Magé, na Baixada Fluminense, para reprimir uma rebelião, na noite de ontem. O levante das detentas ocorreu 12 horas depois de um motim no Presídio Milton Dias Moreira, também encerrado com intervenção policial. O sistema penitenciário fluminense terminou a semana com 31 presos mortos e 33 feridos, numa crise aberta com a rebelião da Casa de Custódia de Benfica. "Benfica não serviu como lição. O governo só tem conseguido piorar as coisas", disse o presidente do Conselho da Comunidade, Marcelo Freixo, que fiscaliza o sistema penitenciário. As presas da casa de custódia tentaram fugir por volta das 20 horas, depois que a contagem foi feita. Elas tomaram três reféns: um agente penitenciário, um agente feminino, e um cooperativado (policial militar reformado contratado para atuar como guarda penitenciário). As presas colocaram fogo em colchões, quebraram vasos sanitários e danificaram instalações hidráulicas. Havia 412 detentas na unidade, de capacidade para 500 pessoas. O problema se concentrou numa das celas do terceiro andar, onde estavam 50 internas. Durante o motim, a agente Cristiana Laynes foi ferida com golpes de estoque (faca artesanal) no rosto e levou oito pontos. O agente identificado apenas como Moreira teve o corpo envolto com colchões de espuma, embebidos em acetona. As presas ameaçaram queimá-lo vivo. "Estávamos negociando, quando elas ameaçaram matar o refém. Foi então que houve a invasão", afirmou o subsecretário de Unidades Prisionais da Secretaria de Administração Penitenciário, tenente-coronel Francisco Spárgoli. Agentes do Serviço de Operações Externas (SOE) da secretaria e policiais militares invadiram a casa de custódia. Entre as presas baleadas, uma foi atingida na cabeça e outra, Aline Maria Cesário, no peito. Ela morreu. Marcelo Freixo criticou a falta de negociadores experientes no motim da casa de custódia de Magé. "Esses episódios mostram o despreparo, a falta de capacidade técnica. É um fato gravíssimo a PM ter entrado na casa com munição letal. As presas de Magé não tinham armas de fogo", afirmou Freixo, que vai procurar o juiz da Vara de Execuções Penais. "Vamos estudar que medidas podem ser tomadas". A Secretaria de Administração Penitenciária divulgou nota informando que se "tentou rapidamente uma negociação, que foi acompanhada por telefone pelo secretário (Astério Pereira dos Santos). Ele recomendou que se preservasse ao máximo as vidas envolvidas e que buscassem resolver o problema com a maior rapidez possível." Spárgoli negou que a secretaria tenha inaugurado uma nova estratégia de atuação em motins, com as duas invasões policiais ocorridas no sábado. "Cada caso é um caso. Quem está no local avalia e fala com o secretário. Ele autorizou a ação", afirmou. O subsecretário disse que foi encontrada uma pistola com as presas e houve tiroteio, mas a Assessoria de Imprensa da secretaria informou que foram apreendidos apenas facas e estoques. O motim foi o segundo ocorrido desde que os agentes penitenciários entraram em greve, nos primeiros minutos de sábado. Eles pedem 72% de reposição salarial e plano de carreira, entre outras reivindicações. Ontem, a adesão à greve atingia 95% da categoria. A Polícia Militar assumiu os trabalhos em todos os presídios do Estado e a visita aos presos foi mantida. Hoje, os agentes fazem uma campanha de doação de sangue. "Vamos dar vida, enquanto o Estado ameaça as nossas", disse o presidente do sindicato, Paulo Ferreira.

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