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Detento confirma denúncias contra o Gradi mas nega conhecer secretário

Por Agencia Estado
Atualização:

O detento Ronny Clay Chaves, que fez denúncias contra o Grupo de Repressão e Análise aos Delitos (Gradi) e contra a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, retirou o nome do secretário Saulo Abreu Castro do escândalo sobre a conduta da Polícia Militar e da Justiça. Hoje, em depoimento à CPI do Sistema Prisional, ele informou não conhecer o secretário de Estado, Saulo Abreu, e garantiu também nunca ter estado com ele. Para os quatro deputados que o ouviram, Chaves afirmou que a carta teria um erro. Segundo a presidente da Comissão, a deputada Rosimary Correa (PMDB), o preso informou que como pediu para outra pessoa escrever a carta, houve um erro de interpretação, por parte do escrevente. "No depoimento, ele contou que uma pessoa se apresentou a ele como o secretário do secretário e fez as propostas. Ele foi muito seguro ao informar esta confusão na informação da carta", disse a deputada. Esta foi a única informação negada pelo detento, no depoimento na tarde de hoje, na Casa de Custódia, em Taubaté, no Vale do Paraíba. As outras informações, como as denúncias contra os juízes Maurício Lemos Porto Alves e Otávio Augusto Machado de Barros Filho, foram confirmadas. "Ele disse que os juízes tinham conhecimento do esquema e liberavam os presos para fazer o serviço". O serviço feito pelos detentos, segundo os relatos de Chaves, era atrair presos para as armadilhas da polícia. A presidente da CPI informou que dez presos ajudavam nas armadilhas do Gradi. ?Mídia? "Ele contou e recontou tudo o que está na carta e agora vamos ouvir os juízes e o próprio secretário Saulo", afirmou a deputada. A oitiva dos juízes deve acontecer dentro de 15 dias, na Assembléia Legislativa. Entre as confirmações, Chaves afirmou que foi levado do Centro de Observação Criminológica (COC) para o Primeiro Comando de Choque da Polícia Militar, na capital, junto com o detento Rubens Leôncio Pereira, e que teria recebido a proposta de que se ajudasse a polícia, o governo também o ajudaria. Segundo a carta escrita pelo preso, o governo queria mídia para ajudar Geraldo - referindo-se ao governador paulista Geraldo Alckmin, candidato à reeleição - a ganhar as eleições. Quanto à Operação Castelinho, ocorrida em março deste ano, quando 12 presos ligados ao Primeiro Comando da Capital morreram numa troca de tiros com policiais militares em Sorocaba, Chaves voltou a ressaltar que os presos usavam balas de festim encomendadas pela própria Polícia Militar. Ao final do depoimento, que durou cinco horas, o preso disse ter como provar o que estava dizendo com fitas-cassetes, vídeos e com testemunhas e que tudo estaria com "pessoas amigas". "Ele inclusive se dispôs a entregar as provas na próxima semana", afirmou Correa. De acordo com a deputada, o preso pediu segurança para ele e para sua família, já que está com "muito medo", depois que a carta chegou à imprensa. Chaves foi levado para Taubaté (SP) apenas para dar explicações sobre as denúncias e foi levado de volta à penitenciária onde está preso, local que é mantido em sigilo pela Secretaria de Administração Penitenciária.

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