Detentos armados controlam penitenciária em Minas

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Quando parecia tudo acertado entre a juíza corregedora Luziane Medeiros, a Polícia Militar (PM) e os detentos amotinados desde esta sexta-feira à noite na penitenciária José Maria Alkimim, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), um tiroteio, no meio da tarde deste sábado, entre um preso que tentou fugir e um sentinela trouxe de volta o clima de tensão na penitenciária. Diante da confirmação da presença de uma arma de fogo no presídio ? fato alertado anteriormente pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários -, os próprios agentes e a PM decidiram permanecer do lado de fora do prédio. No momento da tentativa de fuga frustrada, que provocou o tiroteio, todos os 17 reféns já haviam sido libertados. Porém, mais de 50 familiares dos presos, que agora comandam o presídio, encontravam-se dentro da penitenciária. A PM, que não havia confirmado a presença de armas de fogo, voltou atrás e confirmou a existência de pelo menos um revólver. De acordo com o coronel Sócrates Edgar dos Anjos, a existência da arma só pôde ser comprovada depois do tiroteio. ?Agora podemos confirmar quer existe lá dentro um revólver, que foi visto com um preso que, após a liberação dos reféns, tentou pular o muro e fugir. Porém, a tentativa de fuga foi impedida com alguns disparos feitos pelo sentinela. Quanto à existência de outras armas, não temos confirmação nenhuma?, informou o coronel. Mas, para o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, Marcos Terrinha, existem outras armas em poder dos detentos, inclusive uma granada. ?Agora a polícia admitiu a presença de armas dentro do presídio. Mas, ninguém melhor do que nós, que trabalhamos no presídio diariamente, para saber o que existe dentro do José Maria Alkimim. Por isso, havíamos alertado os policiais para terem cuidado nas negociações, pois tínhamos certeza da presença de armas de fogo, de bombas caseiras e granadas?, afirmou Terrinha. No final da tarde, os agentes penitenciários decidiram protestar e não voltar ao trabalho enquanto a polícia não fizer uma vistoria nas celas. ?Não podemos correr o risco de entrar no presídio e nos defrontarmos com os rebelados armados. Por outro lado, nos colocamos à disposição da polícia para auxiliá-los nos trabalhos no entorno da penitenciária?, disse Terrinha. Diante da posição dos agentes, a polícia decidiu fazer a vistoria apenas na segunda-feira, quando termina o prazo das visitas dos familiares. ?Decidimos manter o cerco ao presídio apenas para evitar novas tentativas de fuga. Não podemos colocar em risco dezenas de familiares que se encontram no momento dentro do presídio?, afirmou o coronel Sócrates Edgar dos Anjos. Com as decisões dos agentes penitenciários e da Polícia Militar, a penitenciária José Maria Alkimim ficará nas mãos dos cerca de 220 detentos até a próxima segunda-feira, dia marcado para a chamada varredura nas celas. Nesse período, os presos estarão livres para fazer o que bem entenderem no presídio, inclusive, conforme informações dos agentes penitenciários, desfrutar da presença de garotas de programa que circulam livremente dentro dos corredores da penitenciária.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.