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Detentos da Casa de Custódia mantêm rebelião

Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de 600 detentos da Casa de Custódia Muniz Sodré, no Complexo Penitenciário de Bangu, na zona oeste, rebelaram-se na noite de ontem, depois de uma tentativa de fuga frustrada. Eles fizeram sete agentes penitenciários como reféns - pela manhã, um dos guardas foi liberado. Os detentos exigem a transferência de presos rivais, ligados ao Terceiro Comando; os amotinados dizem pertencer ao Comando Vermelho. O diretor do Departamento do Sistema Penitenciário (Desipe), tenente-coronel Reginaldo Alves de Pinho, e o secretário de Direitos Humanos, João Luiz Pinaud, tentavam negociar com os presos. Eles esperam conter a rebelião ainda hoje. Depois de tentarem fugir, os detentos dominaram sete agentes penitenciários, fizeram com que eles tirassem suas roupas e vestiram os uniformes. Os guardas passaram a noite amarrados, apenas de cuecas. Os presos tentaram deixar a Muniz Sodré, mas foram impedidos por policiais militares que faziam a guarda do lado de fora do presídio. Os rebelados passaram então a exigir a transferência dos presos ligados ao Terceiro Comando, facção que é minoria na casa de custódia. Armados com pistolas e revólveres - segundo os presos, as armas foram tomadas dos guardas -, eles ocuparam os pavilhões A e B. Por telefone celular, eles disseram à reportagem que 20 guardas estavam em seu poder. "Se houver invasão, vai ter sangue. Estamos preparados para tudo", disse um dos presos. Na madrugada, a direção do Desipe decidiu interromper o fornecimento de água e luz. Os detentos não receberam o café da manhã nem o almoço. Pela manhã, um dos agentes foi liberado. Ele sofre de bronquite asmática e passou mal no início da rebelião. Riscos O Muniz Sodré tem 1.460 presos à espera de julgamento, número que está dentro da capacidade da casa, que é de 1.500 vagas. Somente 15 agentes por turma fazem a guarda da unidade. Ontem, quando sete dos guardas foram feitos reféns, sobraram apenas oito homens para impedir a fuga e conter os demais presos em seus pavilhões. "Nós alertamos a Secretaria de Direitos Humanos de que havia risco de um levante como o que houve em Bangu 3. Eles não tomaram conhecimento", acusou a vice-presidente do sindicato dos agentes, Vanda Reis. No motim em Muniz Sodré, os presos exigiam a presença de Pinaud. Durante a madrugada, o diretor do Desipe, coronel Alves, permaneceu no presídio, mas os detentos insistiam que "não havia ninguém para negociar". A unidade está cercada por policiais militares do 14.º Batalhão (Bangu), Grupo Especial Tático Móvel (Getam), Batalhão de Choque e Batalhão de Operações Especiais (Bope).

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