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Dia da Consciência Negra reúne centenas em Salvador e Rio

Na Bahia, data é marcada pela Marcha Zumbi dos Palmares. No Rio, governador eleito lembra lei que estabeleceu cotas raciais nas universidades

Por Agencia Estado
Atualização:

Centenas de pessoas participaram nesta segunda-feira da 27ª Marcha Zumbi dos Palmares, no bairro do Campo Grande, em Salvador (BA), o principal evento em comemoração ao Dia da Consciência Negra na cidade. Os participantes não desanimaram nem sob sol forte: "A luta contra o racismo é muito importante para todos nós", ressalta o estudante Antonio Carlos Santos, de 19 anos. Segundo cálculos da Polícia Militar, cerca de 15 mil pessoas acompanharam o evento em Campo Grande. A manifestação foi marcada por discursos inflamados dos coordenadores de diversos movimentos negros, que se intercalaram com animadas sessões de reggae, samba de roda e hip hop, entoados pelos dois trios elétrico. O evento deste ano, segundo a coordenação, comemorou os 35 anos do reconhecimento de Zumbi como herói nacional e lutava pela aprovação do Estatuto da Igualdade Racial e pela implementação da lei que institui a obrigatoriedade do ensino de cultura africana nas escolas. "Nossa principal bandeira é contra o racismo no poder e nas relações de trabalho", prega o diretor da Coordenação Nacional das Entidades Negras (Conem), Alessandro Reis. Artistas e famosos participaram dos trios elétricos, entre eles o ator Lázaro Ramos - o Foguinho da novela Cobras e Lagartos, da Rede Globo. Rio de Janeiro Cerca de 250 pessoas, entre religiosos, estudantes, políticos e integrantes de movimentos afro, festejaram nesta segunda-feira o Dia da Consciência Negra junto ao monumento de Zumbi dos Palmares, no centro do Rio de Janeiro. Os discursos destacaram conquistas e também dificuldades pelas quais negros ainda passam no Brasil. O governador fluminense eleito, Sérgio Cabral Filho, participou da comemoração e lembrou uma frase que diz que "só há uma verdade no mundo: todo racista é um F.D.P." Cabral lembrou que a lei que estabeleceu cotas raciais nas universidades estaduais foi aprovada no ano de 2001, quando ele era presidente da Assembléia Legislativa do Rio. O governador eleito se comprometeu a governar de modo a promover "oportunidades iguais na educação e no trabalho" para todos. "A nossa sociedade há de ser, com a nossa luta, uma sociedade onde haja respeito e onde, jamais, um policial pare uma pessoa desconfiando dela por causa de sua cor", afirmou. O ex-deputado Carlos Alberto Oliveira, conhecido como Caó, autor da lei que instituiu que o racismo é crime inafiançável, lembrou que, desde 1989, quando a legislação passou a vigorar, muitas ações se embasaram nela. "É uma continuidade à luta iniciada por Zumbi", disse. Representantes das mais distintas religiões, como judeus, muçulmanos, messiânicos e católicos, além de indígenas, uniram-se a umbandistas na celebração dos 311 anos da morte de Zumbi. Eles comemoraram nesta segunda os 20 anos da inauguração do monumento em sua homenagem, que fica na Avenida Presidente Vargas, na altura da Praça Onze - um dos berços do samba carioca. Durante a festa, em que pétalas de rosa foram lançadas de um helicóptero, o hino nacional foi cantado em ritmo de afoxé. Adolescentes tocaram tambores e, em seguida, crianças desfilaram pela Presidente Vargas. Também passou pela avenida uma manifestação de jovens que estudam em pré-vestibulares comunitários. Um grupo de cerca de cem pessoas participou do ato. O grupo realizou ainda uma passeata até o prédio da prefeitura do Rio, para protestar contra a decisão do prefeito Cesar Maia de impedir a realização das aulas dos cursos nas escolas municipais. O espaço era cedido desde a década de 90, mas recentemente, segundo o presidente do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas, Ivanir dos Santos, o prefeito voltou atrás. "Sempre existiu um acordo, embora não escrito. Agora, ele alega contenção de despesas". Tiago Décimo e Roberta Pennafort

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