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Dilma cultua Lula e Serra ensaia slogan

Por José Roberto de Toledo
Atualização:

ESPECIAL PARA O ESTADONão podia ser diferente. Dilma Rousseff deixa o governo para entrar na campanha, tendo como principal cabo eleitoral o "senhor" "presidente" Lula. Citou-o 67 vezes, explícita ou implicitamente. Já José Serra, ao despedir-se do cargo, focou São Paulo, que citou 46 vezes, e usou uma expressão com jeito de slogan eleitoral: "Vamos juntos. O Brasil pode mais." Como se pode ver na ilustração acima, além de reverenciar Lula, Dilma falou bastante do "povo" (19 citações), do Brasil (12) e dos brasileiros (10). "País" (17) e "todos" (16 vezes) acompanharam "Brasil" em número de citações. Essa repetição das palavras que compõem o slogan do governo Lula ("Brasil, um país de todos") tem ocorrido com mais frequência na fala da candidata.Balanço. O presidenciável do PSDB usou sua fala de despedida do Palácio dos Bandeirantes para um balanço de gestão. Como era esperado, "São Paulo" foi uma das expressões mais citadas (46 vezes), na maioria das vezes no fim das frases, e associada a "governo" (49 citações) e a "Estado" (30). Em comparação a "Brasil" (17), "São Paulo" recebeu praticamente três vezes mais menções. O que evidencia que Serra, nesse discurso, buscava mostrar-se mais preocupado com o que acabara de fazer como governador do que com o que virá a fazer como candidato.A "política" não ficou fora de seu discurso. Explicitamente, citou a palavra apenas 3 vezes, e negativamente, como em "política do ódio". Mas, implicitamente, a política esteve presente na maioria das vezes que Serra usou a expressão "pública(o)" (26 vezes), como em "vida pública". E foi aí que ele encaixou uma "indireta" para o presidente Lula: "Nós governamos para o povo e não para partidos."Além do aspecto institucional, o discurso de Serra teve uma parte pessoal. A palavra "vida", seja no sentido de "minha vida", de "vida pública" ou de "ao longo da vida", foi citada 36 vezes. Em muitos casos, o presidenciável tucano a associou a "pessoas" ("vida das pessoas"), outra campeã de citações (23 vezes) e mais um sinal da preocupação do tucano de "humanizar" seu discurso.A fala de Serra foi construída para que o desfecho apontasse para o futuro e, obviamente, para suas pretensões presidenciais, sem, contudo, explicitar isso. Ele não mencionou em momento algum as palavras "eleição" nem "candidato". Mas terminou seu discurso com uma expressão que tem todo o jeito de ser seu mote de campanha: "Vamos juntos. O Brasil pode mais". Há uma semelhança notável com o "Yes, we can" de Barack Obama, em 2008, nos EUA. "O Brasil pode mais" traz a ideia implícita de mudança, mas uma mudança que em vez de abandonar o passado pretende somar novas conquistas ao que já foi feito. É uma fórmula engenhosa, embora não original.

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