
12 de agosto de 2010 | 00h00
Todo o esforço da campanha, agora, é para afastar rumores de que, se eleita, ela defenderia a reestatização de empresas privatizadas no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Na tentativa de impedir a ampliação desses comentários - atribuídos pelo PT ao comitê de José Serra (PSDB) -, o comando da campanha de Dilma não vai se alongar na discussão sobre Estado máximo e mínimo.
"Vocês me desculpem, mas essa é uma discussão um pouquinho atrasada, não é?", costuma dizer Dilma. A ideia é destacar logo na introdução que a crise financeira mundial demonstrou a necessidade do fortalecimento dos bancos públicos e das políticas de crédito para o setor produtivo. O enfoque será na produção e no desenvolvimento, sem dar margem a controvérsias sobre qualquer viés estatizante.
"Não existe essa questão de tamanho do Estado. O que existe é a eficiência do Estado e, nessa crise, o que nos salvou foi o que sobrou dele", disse o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, da comissão encarregada de preparar a plataforma de Dilma. "Se tivéssemos desmontado a Petrobrás, a Caixa e o Banco do Brasil, estaríamos perdidos."
Será reforçado no texto o conceito de que a eventual gestão da petista representará um "governo de coalizão", formado por dez partidos. A referência constará do primeiro compromisso do documento, que fala em "expandir e fortalecer a democracia política, econômica e social".
Foi uma sugestão de Wellington Moreira Franco, o nome indicado pelo PMDB na comissão que está redigindo o programa, coordenada por Marco Aurélio Garcia, assessor de Assuntos Internacionais da Presidência. A carta-compromisso de Dilma entende que o Estado democrático é composto por acesso à cultura, à informação, ao emprego, à renda e à estabilidade econômica.
A estratégia de divulgação do programa de governo foi feita sob medida para exibir Dilma como "estadista". Há propostas em estoque, por exemplo, que serão anunciadas somente na propaganda eletrônica, com estreia marcada para terça-feira.
Estatização
ROBERTO AMARAL
VICE-PRESIDENTE DO PSB
"Não existe essa questão de tamanho do Estado. O que existe é a eficiência do Estado e, nessa crise, o que nos salvou foi o que sobrou dele"
"Se tivéssemos desmontado a Petrobrás, a Caixa e o Banco do Brasil, estaríamos perdidos"
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