Dilma ignora pressão e confirma Meirelles na APO

Ao receber governador do Rio e prefeito, presidente afirma que ex-presidente do BC fará a mediação com Comitê Olímpico

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Por Tania Monteiro e Leonencio Nossa
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Em audiência no Planalto, a presidente Dilma Rousseff apresentou ontem ao governador do Rio, Sérgio Cabral, e ao prefeito Eduardo Paes, uma proposta de nova medida provisória que criará a Autoridade Pública Olímpica (APO), órgão que gerenciará as obras da Olimpíada de 2016. O texto, preparado pelo vice-presidente Michel Temer e pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, afasta qualquer possibilidade da prefeitura e do governo do Estado terem interlocução direta com o Comitê Olímpico Internacional (COI). Cabral e Paes, que resistiam à ideia de um executivo com respaldo internacional no posto, ouviram ainda de Dilma que Meirelles será mesmo o chefe da APO. O governador pleiteava retirar Meirelles, considerado um nome independente no PMDB, para indicar um aliado fiel no cargo. Na conversa, Cabral conseguiu apenas expor a Dilma que Meirelles era da cota pessoal da presidente e não do partido. Pelo texto, sob análise da Casa Civil, a prefeitura e o governo do Rio terão espaço na composição do novo órgão, mas a "autoridade olímpica" que estará nos holofotes da imprensa nacional e internacional será Meirelles. Passará por ele projetos de obras tocadas pelo governo estadual e pelo município. Foi descartada a criação de uma estatal, a Brasil 2016, para realizar as obras e operar como um braço executor da APO. A estatal era pleiteada pelo PCdoB, do ministro do Esporte, Orlando Silva. Nos últimos dias, interlocutores do Planalto usaram o arquivamento da proposta da Brasil 2016 para conter as reclamações de Cabral e Paes, de perda de espaço político nos Jogos do Rio. O Planalto argumenta que, sem a estatal executora, a prefeitura e o Estado tocarão as obras. Apesar de descontentes, Cabral e Paes procuraram demonstrar, em entrevista coletiva, afinamento com o governo federal, elogiando a escolha de Meirelles, que terá um salário de R$ 21 mil e poderá preencher cerca de 500 cargos comissionados. Cabral chegou a dizer que a reunião com Dilma foi "extraordinária". O governador evitou ataques à proposta de Temer e Meirelles. "Não há nada a comentar negativamente, pelo contrário, são apenas observações positivas." Cabral admitiu, ainda, que Meirelles teve papel importante no processo de candidatura e escolha do Rio como sede dos Jogos de 2016. "Meirelles é uma pessoa extremamente qualificada para a função." O prefeito disse que o texto da medida provisória atende aos interesses dos três níveis de governo.

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