Atualizado à 1h30 de 16/05
BRASÍLIA - Em jantar com colunistas e jornalistas esportivos de jornais e TV na noite desta quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff reafirmou sua confiança e disse que durante o Mundial as manifestações serão aceitas, mas não poderão prejudicar a realização do evento esportivo nem interromper o trânsito das delegações. "Tem um limite." Dilma admitiu que nem todas as obras de infraestrutura estarão prontas até o dia 12. Mas considerou que o evento foi a maneira de "impulsionar" essas melhorias.
Com relação aos protestos desta quinta, Dilma avaliou que eles foram "fracos". A mesma avaliação havia sido feita mais cedo, após o governo notar a dimensão dos protestos. De acordo com informações do Planalto, o que se viu, principalmente, foi uma "ação midiática", com anúncios de que problemas graves com manifestações monumentais contra a realização da Copa poderiam acontecer e, "felizmente não aconteceram". Apesar disso, o governo vai dar prosseguimento ao monitoramento criado nas 12 cidades-sede, que incluirá a manutenção de um diálogo permanente com diversos tipos de movimentos sociais para barrar protestos violentos.
O entendimento do governo é de que é preciso ganhar a batalha na mídia e, por isso, há mobilização das autoridades para que promovam um contra-ataque completo, no sentido de defender a realização da Copa e seu legado. Nessa estratégia, encaixa-se a reunião da noite. Ainda durante o dia, a própria presidente comandou, no Planalto, a cerimônia de compromisso pelo emprego e trabalho decente na Copa do Mundo, onde afirmou que "nós não negamos os conflitos, nós temos de conviver com eles".
Dilma aproveitou o discurso para apelar a todos os brasileiros para que recebam bem os turistas brasileiros e estrangeiros que assistirão a "Copa das Copas". "O que eles podem levar na mala? É a garantia e a certeza de que este é um país alegre e hospitaleiro. Podem levar isso na mala. Agora, os aeroportos ficam para nós, as obras de mobilidade ficam para nós, os estádios ficam para nós."
Posteriormente, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, ao ser questionado se o fracasso das manifestações ao longo do dia era um sinal de que as manifestações no mundial não trarão tanto problema para o País, foi cauteloso e disse que não poderia fazer projeções para o futuro. "Nós apostamos que as manifestações ocorram, mas ocorram pacificamente. E fazer uma projeção é muito perigoso", disse, reconhecendo que "a conjuntura pode mudar".
Segundo Gilberto Carvalho, as manifestações recrudesceram porque "difundiu-se muito de maneira equivocada que a Copa estava roubando o dinheiro da educação e da saúde". "Nós estamos provando nos diálogos que não é verdade, o Brasil nos quatro anos de preparação da Copa investiu em Saúde e Educação R$ 800 bilhões. Nos estádios foram gastos R$ 8 bilhões, e boa parte disso não é dinheiro público. Portanto, não tem lógica isso."
Segundo turno e Lula. Apesar de o assunto Copa ter prevalecido no jantar com os jornalistas esportivos, a presidente ainda comentou sobre as eleições de outubro. Dilma afirmou que é "normal" a realização de um segundo turno. Ela disse também que tem uma relação especial com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu antecessor no cargo, e ele nunca teria falado sobre a possibilidade de se candidatar em seu lugar.