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Dilma planeja 'staff especial' no primeiro escalão

Ideia, em caso de vitória, é escalar um time de auxiliares em áreas estratégicas, como o adotado por Obama nos EUA, mas proposta enfrenta resistências

Foto do author Vera Rosa
Por Vera Rosa e Beatriz Abreu BRASÍLIA
Atualização:

Desconversa.

Dilma: 'Não vou pôr a carroça na frente dos bois'

 

 

 

 

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Confiante de que ganhará a eleição, Dilma Rousseff (PT) planeja adotar um modelo de governança que inclui seleto grupo de conselheiros no Palácio do Planalto. A ideia guarda semelhança com o núcleo de assessores especiais da Casa Branca, sede do governo americano, mas enfrenta resistência de ministros, que temem sobreposição de funções.O projeto de Dilma é escalar um time de auxiliares em áreas estratégicas, como Economia, Assuntos Internacionais, Meio Ambiente, Minas e Energia, Comunicações, Justiça e Segurança Nacional. Os conselheiros se reportariam diretamente a ela e teriam assento no primeiro escalão. Trata-se, na prática, de uma estrutura de apoio ao gabinete da Presidência da República.Dilma já conversou sobre o assunto com interlocutores de sua confiança, mas baixou a lei do silêncio. "Existem muitas especulações nessa época de campanha", diz a candidata do PT, em resposta padrão para conter os vazamentos. "Não vou pôr a carroça na frente dos bois."No domingo, por exemplo, depois que o Estado revelou a voracidade do PMDB para dividir o poder com o PT "meio a meio", Dilma não escondeu a contrariedade. Irritada, pediu ao presidente do PMDB, Michel Temer (SP)- vice em sua chapa - que desmentisse a informação. O plano de montar um staff especial traz como pano de fundo a blindagem de Dilma. Embora diga que os cargos da Esplanada não podem ser preenchidos apenas por técnicos, a ex-ministra da Casa Civil já começa a se precaver contra o loteamento político. É uma forma de driblar a "porteira fechada" nos ministérios, cobiçada tanto pelo PMDB como por outros aliados. Nos bastidores do governo, porém, a ideia é vista com "senões" e já provoca ciúmes. O receio é de que o núcleo de assessores trombe com os ministros. "Eles passarão a ver os conselheiros como um gabinete de sombra", comparou um amigo de Dilma.Os críticos do modelo lembram que nos EUA a situação é muito diferente, porque a nomeação dos secretários - cargo equivalente ao de ministro - passa pelo crivo do Congresso. Não é raro a oposição conseguir barrar os indicados ou a aprovação demorar a sair. Diante desse cenário, o presidente Barack Obama tem recorrido cada vez mais ao grupo de conselheiros.No governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a função do historiador Marco Aurélio Garcia é um exemplo do modelo que Dilma quer adotar. Assessor de Assuntos Internacionais de Lula, Garcia atua como uma espécie de "embaixador" nas negociações, embora o ministro das Relações Exteriores seja Celso Amorim.No primeiro mandato de Lula, o Itamaraty torceu o nariz para Garcia. Ele, no entanto, conquistou diplomatas. Vice-presidente do PT, Garcia é sempre destacado por Lula para missões especiais, principalmente na América Latina. "Sou o sargento Garcia", brinca o petista, hoje coordenador do programa de governo de Dilma, numa referência ao coadjuvante do filme Zorro. Casa BrancaNo governo dos EUA, os conselheiros especiais da Casa Branca são alvo de críticas. O presidente Barack Obama nomeou 31 assessores, conhecidos como "czares"

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