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Dilma se reúne com PMDB, sem Palocci

Senadores esperavam ato de apoio ao ministro, mas presidente disse que ele tinha outra reunião

Por Christiane Samarco e BRASÍLIA
Atualização:

Sob pressão e hostilizado até mesmo por setores do PT, o chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, "faltou" ontem ao almoço da bancada de senadores do PMDB com a presidente Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada. A expectativa dos parlamentares era de que o ministro fosse figura de destaque na reunião. Todos acreditavam que Dilma o prestigiaria, colocando-o a seu lado, tanto à mesa como na sala, durante o encontro. Essa atitude seria, na avaliação de alguns dos peemedebistas convidados, sinal claro do interesse da presidente em manter o ministro no cargo em meio à crise - sobretudo no dia em que a Comissão de Agricultura da Câmara aprovara a convocação do petista para explicar sua evolução patrimonial. A ausência de Palocci foi considerada fato político relevante do almoço presidencial.Isso porque a justificativa apresentada pela própria Dilma para explicar a ausência - Palocci tinha uma reunião com os ministros Nelson Jobim (Defesa) e José Eduardo Cardozo (Justiça) para discutir um projeto sobre política de fronteiras - não foi considerada das mais convincentes ou urgente. Sobretudo depois de o vice-presidente Michel Temer ter garantido que não haveria manifestação de cobrança ao ministro por parte dos convidados. O vice tivera o cuidado de sondar toda a bancada sobre as intenções de cada um em relação à presença de Palocci. No jantar de segunda-feira com os senadores, no Palácio Jaburu, ele obteve o compromisso de todos de não hostilizarem o ministro. Articulação. O ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, compareceu ao almoço, mas em nenhum momento a presidente lhe franqueou a palavra. Os problemas na articulação política do governo ficaram fora do cardápio do Alvorada.Dilma apenas mencionou de forma genérica que quer ampliar a interlocução com a base aliada e os senadores em especial, e provocou alguns risos discretos quando revelou o desejo de fazer uma interlocução direta com as bancadas em reuniões, "duas vezes por ano". Ao destacar que se ressente da falta disso, ela destacou que a interlocução com o Senado é fundamental e emendou: "O governo não é o Executivo apenas". Dilma entende que também são governo o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e as forças da sociedade. "Mansa". O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) disse que Dilma estava tão "suave, educada, mansa e compreensiva" que a performance presidencial só pode ser comparada à de Lula "nos dias de bom humor". Quando os senadores se queixaram das medidas provisórias, a presidente se propôs a ajudar a resolver o problema da falta de tempo do Senado para examinar os textos chamando o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), para uma reunião com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Os peemedebistas devolveram a gentileza com um recuo na decisão de criar uma comissão de admissibilidade para barrar as MPs que não atenderem aos pré-requisitos de urgência e relevância. Embora a bancada do PMDB tenha fechado apoio ao relatório do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que propõe a criação dessa comissão, o partido deve mudar de ideia.

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