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Dinheiro apreendido com petistas só deve ter origem confirmada após 1.º turno

Segundo o informe do Coaf, sabe-se até agora muito pouco sobre a origem do dinheiro

Por Agencia Estado
Atualização:

Só deverá ser revelada depois da eleição de domingo a origem do R$ 1,7 milhão apreendido em 15 de setembro com petistas que negociavam a compra do dossiê contra o candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) informou na segunda-feira à Polícia Federal que, até agora, só conseguiu identificar a origem de R$ 25 mil do total - R$ 1,16 milhão e US$ 248,8 mil. Segundo o informe do Coaf, sabe-se até agora muito pouco sobre a origem do dinheiro e apenas sobre a parte em reais: R$ 15 mil foram sacados na agência do Bradesco da Barra Funda, R$ 5 mil na agência do Bankboston da Lapa e R$ 5 mil numa agência do Banco Safra. Foi possível identificar as agências nesses lotes porque os maços de notas estavam embalados em cintas. "Estamos de mãos atadas e não nos resta alternativa senão aguardar que o rastreamento prossiga", disse um policial da área de inteligência financeira da PF. As informações foram passadas durante reunião de quase duas horas entre representantes do Coaf e membros da Divisão de Combate a Crimes Financeiros (Defin) da PF, comandada pelo delegado Luiz Flávio Zampronha, o mesmo que comandou o inquérito do mensalão. O Coaf informou também à PF que, numa primeira varredura, não localizou movimentação financeira atípica em nome de nenhum dos sete petistas investigados por envolvimento com a compra e divulgação do dossiê. O órgão recebe dos bancos os registros de movimentações superiores a R$ 100 mil, o que faz supor que os envolvidos se preocuparam em efetuar saques pequenos a fim de não despertar suspeitas. Grandes esperanças A esperança da PF e do Ministério Público agora é que o petista Valdebran Padilha, membro do diretório do partido em Cuiabá, resolva colaborar. Um dos presos na operação do dia 15, Valdebran será interrogado novamente nesta terça-feira na superintendência da PF em Cuiabá pelo delegado Diógenes Curado e o procurador da República Mário Lúcio Avelar. Ele intermediou toda a negociação para compra do dossiê em sucessivos encontros com o empresário Luiz Antônio Vedoin, sócio da Planam e chefe da máfia dos sanguessugas. A PF encaminhou na segunda-feira à Justiça o pedido de quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de vários personagens do escândalo, entre eles o ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Afonso Veloso, do ex-chefe do serviço de inteligência do PT Jorge Lorenzetti e do ex-chefe de gabinete do Ministério do Trabalho Oswaldo Bargas. Expedito, Lorenzetti e Bargas prestaram na última sexta-feira depoimentos aparentemente combinados com seus advogados com o propósito de blidar o Palácio do Planalto e evitar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja atingido, segundo observou o procurador Mário Lúcio Avelar. A devassa bancária e a telefônica devem cobrir período de pelo menos quatro meses - do final de maio, quando Vedoin foi capturado por ordem judicial, até a semana passada, quando os petistas Valdebran Padilha e Gedimar Passos foram presos em São Paulo com R$ 1,7 milhão. A PF pretende identificar o fluxo de entrada e saída de contas correntes dos petistas sob suspeita. Como eles silenciaram sobre a origem dos dólares e reais com os quais iriam comprar o dossiê, a PF acredita que pode encontrar alguma pista na movimentação financeira dos antigos aliados de Lula. O rastreamento inclui cartões de crédito e de débito. Os investigadores também apostam no histórico de chamadas telefônicas dos três. A pesquisa deverá revelar com quem eles fizeram contatos desde o instante em que foram mobilizados para a missão anti-Serra. A PF espera ainda para os próximos dias dados pormenorizados de autoridades americanas sobre a origem dos US$ 248 mil destinados à compra do dossiê.

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