Dirceu evita polêmica, mas diz que Lula precisa melhorar

Ele questiona se o presidente conseguirá ter uma performance que assegure obter a vitória no primeiro turno, como apontam as pesquisas de intenção de voto

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Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-ministro da Casa Civil e ex-deputado José Dirceu (PT) evitou entrar na polêmica criada com a declaração que o presidente e candidato à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deu na quinta-feira, 10, ao Jornal Nacional, enfatizando que determinou o seu afastamento do cargo, derrubando com isso a versão de que sua saída havia sido negociada. Em seu blog que estreou recentemente na Internet, Dirceu disse que o presidente Lula optou pelo seu afastamento porque ele próprio pediu para deixar a Casa Civil. "Chegamos à conclusão de que o caminho era meu afastamento do governo. Mas, como é obvio, no presidencialismo quem decide é o presidente da República e a decisão do presidente foi pelo afastamento. Foi o que fiz, pedi afastamento, até porque sempre coloquei os interesses do Brasil e do governo acima do meu cargo. Ponto final", destacou ele no blog. Sob o título "No presidencialismo, quem decide é o presidente", Dirceu inicia seus comentários sobre essa polêmica dizendo que não iria entrar na discussão sobre seu "afastamento ou demissão do governo". Entretanto, acaba dizendo, em seguida, que as duas hipóteses são verdadeiras. E cita entrevista que concedeu, no início do ano, à revista Fórum, com as seguintes afirmações: "Saí porque pedi para sair, me dei conta de que o presidente queria que eu saísse" e "eu não era presidente, era ministro, tanto é que ele me demitiu quando precisou." O ex-ministro da Casa Civil ressalta no blog que as duas respostas (que pediu para sair e que foi demitido por Lula) são verdadeiras. E lembra que foi convocado, com o ex-presidente nacional do PT José Genoino, para uma reunião com Lula a fim de discutir a situação e neste encontro a conclusão foi de que o caminho era seu afastamento do governo. Ainda no blog, Dirceu comenta: "O presidente decidiu por um caminho para enfrentar a crise, evitando o confronto com as forças que apostaram na calúnia, na conspiração e no golpismo. Minha opção era por mobilizar a militância e os movimentos sociais contra os ataques das elites conservadoras. Mas essa divergência não me impede de reconhecer que o presidente Lula saiu da crise mais forte." Dirceu, que teve o mandato cassado por envolvimento no esquema do mensalão, disse que os resultados das últimas pesquisas de intenção de voto apontam para a vitória do presidente e candidato à reeleição pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, já no primeiro turno. Apesar do argumento, questiona se Lula conseguirá ter uma performance que assegure essa vitória no dia 1º de outubro: "A entrevista ao Jornal Nacional (ocorrida na noite de ontem) mostra que é preciso melhorar." "Muito tenso" Sobre a performance de Lula na entrevista ao Jornal Nacional, Dirceu destacou que ele estava "muito tenso" e trocou várias palavras, tais como ética por corrupção, milhares por milhões e salário por inflação. Apesar das críticas, argumentou que Lula é o "presidente do emprego e do aumento dos salários, com controle da inflação e queda dos juros nominais." Mas voltou a atacar sutilmente a política econômica, como nos tempos em que era ministro, ao lembrar que o juro real praticado no País ainda é "o maior do mundo". Ainda sobre a entrevista, o ex-ministro disse em seu blog: "William Bonner e Fátima Bernardes, na verdade a Rede Globo e o Jornal Nacional, podiam ter-nos poupado do vexame de chamar o presidente da República de ´candidato´. Além de um desrespeito à instituição republicana e simples má educação, Lula é presidente, a Constituição permite que se candidate à reeleição e permaneça no cargo. Logo, é nosso chefe de Estado e de governo." Dirceu também rebateu o argumento utilizado pelo âncora do Jornal Nacional de que o procurador-geral da República só ofereceu a denúncia (classificada pelo próprio procurador de quadrilha do mensalão) por estar convencido de que era verdadeira. "A tese de Bonner é esdrúxula", comentou. "Não sou chefe de quadrilha. Fui, sim, denunciado e vou provar minha inocência, ainda que o ônus da prova caiba ao acusador, no caso a CPI dos Correios e o MP federal, que me denunciaram sem apresentar nenhuma prova." E pede que a Rede Globo divulgue sua defesa e lhe dê "o direito de um julgamento justo no STF". Matéria alterada para o acréscimo de informação

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