Diretor de presídio é preso por 'vender' a entrada de celulares e drogas

Oito agentes penitenciários do Conjunto Penal de Anápolis, na Bahia, também foram detidos e indiciados por corrupção passiva

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Por Tiago Décimo
Atualização:

SALVADOR - O diretor adjunto do Conjunto Penal de Eunápolis, no extremo sul baiano, Jabes Gomes Santana, foi preso, na manhã desta quarta-feira, 25, acusado de liderar um grupo que cobrava dinheiro de criminosos para facilitar a entrada de telefones celulares e drogas na unidade. Foram detidos ainda oito agentes penitenciários do conjunto. Eles foram indiciados por corrupção passiva e estão na delegacia do município.

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De acordo com o promotor João Alves da Silva Neto, do Ministério Público em Eunápolis, as investigações sobre a atuação de Santana começaram em 2011, quando o servidor era diretor adjunto do Conjunto Penal de Teixeira de Freitas, também no sul baiano.

Segundo a apuração, o grupo cobrava R$ 1.500 por celular e R$ 2 mil por quilo de droga que entrasse no presídio. "O levantamento preliminar indica que, apenas este ano, 60 celulares entraram na unidade pelo esquema", diz o promotor.

De acordo com Silva Neto, também recai sobre o grupo a suspeita de "permitir" homicídios dentro da unidade, mediante pagamento. A acusação foi feita por um interno da unidade, no ano passado, durante a apuração sobre o assassinato de um preso, morto por integrantes de uma quadrilha rival. Segundo o testemunho, o grupo comandado pelo diretor adjunto teria recebido R$ 50 mil para que o detento fosse executado dentro da unidade.

O Conjunto Penal de Eunápolis, inaugurado em maio do ano passado, tem capacidade para 450 presos, mas já abrigava 580. A unidade é tida pela Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização da Bahia (Seap) como "modelo administrativo de cogestão com a iniciativa privada" e é administrada pela Reviver Administração Prisional Privada Ltda.

Segundo a Seap, a pasta havia recebido denúncias sobre a unidade, mas ainda não havia conseguido reunir provas que justificassem alguma ação.

Em nota, a Reviver informou que foi instaurada uma sindicância para apurar as denúncias.

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