Diretor do Detran de AL admite fraude na habilitação

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Por Ricardo Rodrigues
Atualização:

O diretor-geral do Departamento Estadual de Trânsito de Alagoas (Detran-AL), o desembargador aposentado Antonio Sapucaia, confirmou ontem que sua carteira de habilitação foi renovada de forma irregular por uma auto-escola de Arapiraca, a 157 quilômetros de Maceió. Sapucaia disse que ficou sabendo da fraude depois de ter sido vítima de chantagem por parte do dono de uma auto-escola descredenciada pelo Detran. Ele disse que decidiu encaminhar toda a documentação sobre o caso para a Polícia Federal apurar a fraude praticada pela auto-escola que renovou sua carteira de habilitação, por meio de um despachante, cujo nome não foi divulgado. Além do diretor-geral do Detran, a desembargadora Elizabeth Carvalho também teria renovado a carteira sem ter feito as aulas práticas e teóricas exigidas pela legislação de trânsito. O desembargador aposentado disse que se soubesse que o Detran de Alagoas era tão corrupto não teria aceitado dirigi-lo, mas garantiu que se empenhará para sanar as irregularidades. Sapucaia assumiu o Detran em 14 de agosto, com o apoio dos funcionários, depois de uma greve pela moralização do órgão. Ele informou que todas as 62 auto-escolas credenciadas pelo Detran estão sob investigação e as que apresentarem irregularidades serão descredenciadas. Segundo o diretor, em 2001 contratou os serviços de um despachante para acelerar os procedimentos para renovar sua habilitação. Disse que realizou os exames médicos em Maceió, mas não cumpriu a carga horária de aulas práticas e teóricas - que passaram a ser obrigatórias naquele ano. No entanto, afirma que jamais foi informado dessa exigência. Sapucaia garante que só tomou conhecimento da fraude anteontem, quando funcionários do Detran informaram que o dono de uma das duas auto-escolas de Arapiraca que seriam descredenciadas ameaçou denunciar que o diretor-geral do órgão usa carteira de habilitação fraudada. O nome do dono dessa auto-escola também não foi revelado. Sapucaia afirmou que determinou uma varredura nos documentos e descobriu, no processo de renovação da sua habilitação, o certificado de aulas teóricas e práticas emitido pela auto-escola, sem jamais se submeter às aulas. O desembargador garantiu que nunca pediu ao despachante que fraudasse qualquer procedimento. Ele agora deverá cumprir a carga horária exigida por lei em sala de aula.

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