Dirigível vira alvo de tiros no RJ

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O Pax Rio, dirigível da Secretaria de Segurança Pública, vem sendo alvo de traficantes de drogas, que, usando armas de longo alcance, como fuzis, disparam a fim de derrubá-lo. Segundo a empresa Lightship Brasil, que aluga o aparelho ao Estado, os bandidos nunca conseguiram acertar os tiros, mas existem imagens registradas pelas câmeras da aeronave em que criminosos aparecem atirando. Nesta manhã, o dirigível foi alvo de criminosos do Morro Fallet, em Santa Teresa, no centro. O aparelho sobrevoava a região porque, ontem, moradores da Favela Júlio Otoni, que fica perto, haviam feito barricadas com pneus queimados e incendiado um ônibus da linha 407 (Largo do Machado-Silvestre). O protesto foi motivado pela morte de um suposto traficante. Com a presença de 200 policiais militares, a situação no local foi tranqüila, hoje. O comércio, que na segunda-feira foi fechado pelos bandidos, funcionou normalmente. O sinal de alerta de que o dirigível estava sob a mira dos criminosos foi transmitido pelo rádio por policiais. A PM chegou a fazer buscas no local onde os bandidos estavam, mas ninguém foi preso. O ataque ocorreu duas horas depois de os policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) terem ocupado os morros Fallet, Querosene, São Carlos, Zinco e Fogueteiro, todos na região. A Secretaria de Segurança divulgou que desconhecia a informação. A Lightship Brasil informou que a secretaria dispõe de algumas fitas em que bandidos de diferentes favelas miram no aparelho. As imagens captadas são monitoradas do centro de operações da Secretaria de Segurança. Segundo a empresa, mesmo se o dirigível for alvejado, ele descerá numa velocidade lenta e poderá voar por ainda três dias, sem qualquer risco. O Pax Rio é revestido com kevlar, material usado em coletes à prova de bala. Modelo semelhante foi utilizado na guerra da Bósnia, na busca por minas enterradas. Quando anunciou que o aparelho entraria em operação, a secretaria divulgou que ele suportaria tiros de fuzil e bazuca e seria usado no patrulhamento de vias expressas da Região Metropolitana, na busca por paióis de traficantes e na captura dos bandidos. Embora o aparelho possa voar numa altitude mínima de um quilômetro, ele permanece a uma distância de pelo menos 2 quilômetros das áreas perigosas, para se manter fora da linha de tiro dos criminosos. Armas de longo alcance, como o fuzil 762, muito utilizado pelos traficantes, conseguem atingir distância de até 1,5 quilômetro, de acordo com a Associação Nacional de Proprietários e Comerciantes de Armas. A cabine onde ficam o piloto e o operador de câmera é blindada. Eles se comunicam com a central por rádio. O dirigível de 40 metros de comprimento, que entrou em operação em setembro, é usado diariamente por 12 horas e percorre 386 pontos críticos delimitados pelo Estado. A aeronave tem autonomia de vôo de 16 horas e opera em velocidade máxima de 150 km por hora. O Pax Rio custa R$ 1.141.203,00 mensais ao governo. Em seu primeiro mês, ele vigiou por 50 horas o Complexo do Alemão, onde o traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, principal acusado do assassinato do jornalista Tim Lopes, estava cercado pela polícia. Do aparelho, policiais controlavam as saídas da favela, para evitar fugas. Foi também pelas câmeras de grande resolução - capazes de identificar um rosto a 15 quilômetros de distância - que um entregador de comida foi descoberto nas vielas da Favela da Grota. Detido, o rapaz, a serviço de Elias Maluco, forneceu pistas sobre seu paradeiro.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.