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Dois delegados são presos acusados de contrabando

Megaoperação contra lavagem de dinheiro e contrabando resultou na prisão de Dois delegados da Polícia Civil, três auditores Receita Federal e outras 11 pessoas - empresários, despachantes aduaneiros e supostos laranjas

Por Agencia Estado
Atualização:

Dois delegados da Polícia Civil, três auditores Receita Federal e outras 11 pessoas - empresários, despachantes aduaneiros e supostos laranjas - foram presos nesta quinta-feira, 29, pela Polícia Federal sob a acusação de participar de um esquema de liberação de mercadorias ilegais no Aeroporto de Viracopos, em Campinas. Um dos delegados é André Di Rissio, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp). Outro é Wilson Roberto Ordones, que atuava em Viracopos. Ele passou mal ao ser preso e teve de ser levado para o hospital. Os delegados, que tiveram a prisão preventiva decretada, são apontados como intermediários entre os empresários e os agentes da Receita. Na casa de Di Rissio, foram encontrados na garagem dois carros Jaguar, que, segundo a PF, estariam em nome de empresas supostamente envolvidas no esquema. As outras 11 pessoas estão presas temporariamente, por cinco dias. A Justiça Federal decretou sigilo no processo. A Operação 14 Bis, como foi batizada a força-tarefa que uniu PF, Ministério Público Federal (MPF) e Receita Federal, cumpriu 30 mandados de busca e apreensão. Segundo balanço feito nesta tarde, foram apreendidos R$ 180 mil, relógios e dólares. Iniciada há mais de um ano, a operação investiga a possível prática de cinco crimes: corrupção passiva, corrupção ativa, facilitação ou descaminho, tráfico de influência e formação de quadrilha. O superintendente da Receita Federal em SP, Edmundo Spolzino, explicou que há indícios de cinco crimes na conduta dos investigados: subfaturamento das mercadorias (declarar a carga por um valor menor que o verdadeiro), classificação fiscal indevida (a alíquota de imposto é definida de acordo com isso, então, se muda a classificação, menos imposto é pago) e falsa declaração de conteúdo (declara que a carga é uma, mas é outra). As cargas envolvidas, segundo ele, vinham dos Estados Unidos e eram equipamentos eletrônicos em sua maioria. De acordo com a PF, os delegados intermediavam o contato entre os empresários donos de mercadorias ilegais e os auditores fiscais, para negociar o pagamento de propinas para liberar as cargas. Um funcionário do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) está entre os presos, acusado de participar do esquema. Segundo o superintendente da PF em São Paulo, Geraldo José de Araújo, a operação teve "êxito de 100%" e que "pode haver novos servidores envolvidos". Segundo ele, não é possível precisar há quanto tempo a suposta quadrilha operava, nem quanto dinheiro movimentava. Araújo disse não ter ficado surpreso com os nomes dos integrantes da suposta quadrilha. "Para quem está acostumado a lidar com crime organizado, não chama tanta atenção. É mais uma forma de crime organizado dentro da máquina pública", afirmou. "O destino dos delegados, após interrogatório, será entregue à Polícia Civil porque assim dispõe a lei." Atualizado às 18h51

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