PUBLICIDADE

Dois índios são mortos no Polígono da Maconha

Segundo cacique do povo truká, eles foram vítimas de disputa com narcotraficantes que queram usar terra indígena para o plantio de maconha no interior de Pernambuco

Por Agencia Estado
Atualização:

Dois índios da tribo Truká foram mortos a tiros de espingarda e fuzil anteontem à tarde em uma emboscada, na Ilha de Assunção, em Cabrobó, a 606 quilômetros do Recife, no sertão do São Francisco. O cacique truká Aílson dos Santos garante que as mortes foram motivadas pelo narcotráfico e aponta três índios da sua tribo como os autores dos disparos. Segundo o cacique, os irmãos João Batista, 38 anos, e Antonio Roberto, 34, morreram pela mesma razão pela qual ele vem sendo ameaçado de morte desde outubro do ano passado: por ser contra o narcotráfico e o plantio de maconha em terras indígenas que se localizam no chamado Polígono da Maconha. "Outros vão morrer, e eu sou o primeiro da lista, por falta de um sistema de segurança do governo federal, que não dá suporte à Polícia Federal e à Polícia Militar", afirmou Santos. "Nem recebemos proteção, nem podemos andar armados, por isso vivo escondido no meio do mato". O povo truká tem cerca de 4 mil índios e aguarda a demarcação de terra numa área de 4,4 mil hectares. Outros 1,6 mil já estão demarcados. A comunidade está dividida, com lideranças apoiando a posição do cacique, que é radicalmente contra o envolvimento com o narcotráfico, e luta pela demarcação das terras como ponto de partida para o desenvolvimento da aldeia. Outros estão envolvidos com o narcotráfico, entre eles os acusados pelo cacique de terem matado os dois índios - Jardiel, Sérgio e Sandro de Bedô. O crime está sendo investigado pela Polícia Federal. Neste ano, quatro índios foram mortos no Estado. Em fevereiro foram assassinados um índio atikum e um xucuru, por disputa pela terra.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.