Dólares para dossiê saíram de corretora em Duque de Caxias

Os US$ 248,8 mil que seriam usados na compra do material foram retirados por um grupo de pessoas, provavelmente da mesma família, usadas como ´laranjas´

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Polícia Federal acredita que conseguiu identificar a origem dos US$ 248,8 mil que seriam usados por petistas na compra do dossiê Vedoin, destinado a prejudicar candidaturas do PSDB. O dinheiro provém de uma corretora de câmbio de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e foi adquirido em lotes de valores variados por um grupo de pessoas, provavelmente da mesma família, usadas como "laranjas". A operação chamou a atenção das autoridades porque a família é de origem humilde, segundo investigação da PF, e que talvez nem saiba que seu nome foi usado para a operação. A organização criminosa formada por quadros do partido do presidente Lula teria lançado mão da identidade de pessoas inocentes para não deixar pegadas e assim dificultar o rastreamento. A PF afirmou neste sábado que está próxima de fechar o cerco à casa de câmbio onde ocorreu o resgate de US$ 248,8 mil. A transação somou um total de US$ 249,9 mil ? o excedente seria relativo à taxa de administração ou comissão da instituição. Os dólares do PT foram encontrados pela PF na madrugada de 15 de setembro, em São Paulo, onde foram aprisionados Gedimar Passos e Valdebran Padilha. Além de US$ 248,8 mil havia R$ 1,16 milhão de posse de Gedimar e de Valdebran. Os federais estimam que na próxima semana deverão ?dar o bote? na corretora e chegar à identidade dos sacadores. A PF vai chamar quem levantou os valores para depoimento formal no inquérito que imputa a amigos e antigos conselheiros do presidente a trama do dossiê. O caminho que o dinheiro americano percorreu, desde sua emissão pela Casa da Moeda dos EUA até a boca do caixa, deixou pistas. Os analistas da PF estão cruzando dados bancários e telefônicos. O trabalho é feito por computador. Os técnicos criaram o projeto X, que armazena informações relativas a 800 linhas, fixas e móveis, rastreadas com ordem judicial. A superintendência da PF no Rio, que na semana passada já localizou casas de jogo do bicho de onde saiu parte do dinheiro para a compra do dossiê Vedoin, planeja uma ofensiva para localizar os sacadores dos dólares. Sigilo O juiz Jéferson Schneider, da 2ª Vara Federal de Cuiabá, acolheu parcialmente pedido do PT para dar publicidade ?única e exclusivamente? ao relatório preliminar da PF sobre o dossiê. O PT havia pedido levantamento total do sigilo do inquérito. Por meio de despacho de quatro páginas, Schneider anotou que ?em uma sociedade democrática, a regra a respeito dos atos do poder público é a publicidade?. Mas advertiu que ?não poucas vezes a publicidade e o sigilo entram em conflito havendo a necessidade de uma racional ponderação judicial entre esses dois valores disciplinados pela Constituição?. Ele lembrou que ?o sigilo absoluto dos dados e documentos viola o interesse público da sociedade à informação veraz, dando causa à desinformação e abrindo espaço à ilegítima manipulação dos dados para os mais diversos fins, especialmente durante o curso de um processo eleitoral?. O juiz condenou o ?constante vazamento de informações? do inquérito do dossiê Vedoin, que corre sob sigilo porque envolve dados confidenciais. Segundo ele, essa situação ?vem causando desinformação generalizada e prejuízo efetivo no resultado das diligências, podendo vir a acarretar responsabilidade funcional?. Destacou que ?as pessoas mencionadas no inquérito policial, apesar de encontrarem-se na situação de investigadas, continuam sendo titulares de direitos e garantias.? (matéria alterada às 23h40 para acréscimo de informações)

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