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Dono do Fidel preso por tráfico

PF desarticula quadrilha acusada de enviar cocaína pura para o Leste Europeu e os Emirados Árabes

Por Rodrigo Pereira
Atualização:

A Polícia Federal desmantelou ontem uma quadrilha especializada em enviar cocaína de alto teor de pureza para o Leste Europeu e para os Emirados Árabes Unidos a partir dos Portos de Santos e de Paranaguá (PR). Entre os nove presos está um dos donos dos Restaurantes Fidel, Marcos Santini, flagrado no monitoramento da PF recebendo R$ 300 mil da quadrilha - ele é apontado como braço financeiro do grupo. Outro brasileiro preso foi o advogado Octavio Cesar Ramos, ex-defensor do vocalista Nasi, da banda Ira!, e de Antonio Carlos Piva de Albuquerque, diretor da Daslu. Ele seria responsável por negociar com um integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) a compra da droga colombiana repassada a traficantes búlgaros residentes no Brasil. A quadrilha era liderada por Orlin Nikolov Iordanov, o Fatman, procurado pela Interpol na Bulgária. Ele foi detido na madrugada de ontem em Paranaguá ao repassar 30 quilos de cocaína para um compatriota, tripulante de um navio que ia para Dubai. Com Iordanov estava o ex-policial civil de São Paulo Rubens Maurício Bolorino, responsável pela escolta da quadrilha. Bolorino foi alvo da Operação Têmis, em abril, que investigou suposta quadrilha especializada na venda de sentenças judiciais em favor da máfia dos caça-níqueis. MULA MARÍTIMA Segundo a PF, o grupo enviava até 30 quilos de cocaína por viagem, fazia pelo menos duas remessas por mês e exigia que a droga fosse de altíssima qualidade - chegaram a devolver droga com 80% de pureza, enquanto a cocaína usualmente apreendida tem teor de até 30%. A quadrilha usava cargueiros de bandeira búlgara - daí o nome da operação, Sofia, em referência à capital do país - e a PF precisou da ajuda de autoridades inglesas para traduzir documentos daquele país. O chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF de São Paulo, Fernando Francischini, acredita que outras quadrilhas usem o mesmo expediente. "É uma nova rota e há indícios de que agora, além da mula que usava o transporte aéreo, os traficantes adotaram essa nova modalidade, da mula marítima", disse Francischini. O delegado explicou que, apesar de a quantidade de cocaína parecer pequena, o alto teor de pureza garantia grandes lucros. "Assim eles não levantavam suspeita, conseguiam transportar com mais facilidade e aumentar em até quatro vezes a quantidade antes de vender ou servir para consumidores de alto poder aquisitivo."

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