Dracena autoriza captura de cães com leishmaniose

Doença já matou duas pessoas e contaminou outras 36 no município em 2006

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Justiça Estadual concedeu liminares para a Prefeitura de Dracena, no Oeste do Estado de São Paulo, autorizando os agentes sanitários a capturar cães contaminados pela leishmaniose, mesmo contra a vontade dos donos. A leishmaniose já matou duas pessoas e contaminou outras 36 no município somente em 2006. Em todo o Estado, os casos de leishmaniose visceral americana aumentaram 29% em 2006, em comparação a 2005. Oito pessoas morreram e 195 contraíram a doença no Estado. Nos últimos cinco anos, 73 pessoas morreram e 747 contraíram a doença em São Paulo. As ações de busca e apreensão foram impetradas pela Prefeitura depois que os donos dos cães se recusaram a entregar os animais contaminados para sacrifício. Até agora, a Justiça concedeu cerca de 30 liminares autorizando a captura. Em 20 delas, cujas ações foram sentenciadas em definitivo, a Justiça autorizou o sacrifício dos cães doentes. "A liminar é para captura de cães soropositivos. O proprietário do animal tem cinco dias para fazer a contraprova para a doença. Depois disso, a Justiça baixa a sentença. Se não houver a contraprova descartando a doença, ela determina o sacrifício do animal", explica o procurador jurídico do município Eduardo Júnio Pestana. Segundo ele, a Justiça também autoriza os agentes a entrar nas casas e capturar os animais para exames da doença. "Em alguns casos, os donos não deixam fazer nem os exames", diz. Depois de capturados, os animais ficam no Centro de Zoonoses do município até que seja liberado ou sacrificado. Cerca de 1,4 mil cães contaminados pelo protozoário leishmania foram sacrificados este ano em Dracena. A situação da doença no município preocupa as autoridades sanitárias. Em alguns bairros, o controle do mosquito Palha, vetor da doença, que tem o cão como maior hospedeiro, é dificuldade pela precariedade da infra-estrutura urbana. O mosquito sobrevive em materiais orgânicos em decomposição, como frutas e folhas. Em Penápolis, na região Noroeste, a Ministério Público deve decidir no início de janeiro se pede indiciamento criminal de quatro pessoas que se recusam a entregar os cães contaminados para a Vigilância Sanitária.

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