Aos 42 anos, Regina Duran trocou a confortável posição de primeira-dama de escola de samba pelo trabalho árduo à frente do barracão, num ano em que os patrocínios minguaram e os preços dispararam com a alta do dólar. Na estreia como presidente do Salgueiro, de uma só vez devolveu a alegria para a agremiação, cujo último título foi em 1993, e se tornou a segunda mulher a erguer o troféu de campeã - a primeira havia sido Russa, na Vila Isabel de 1988. Regina não é " Salgueiro desde criancinha". Antes de se tornar primeira-dama da escola, dez anos atrás, desfilava pela Vila. "Desde que meu pai (Luiz Augusto Duran, o Fu) se tornou presidente, ela se entregou de coração", diz a filha Louise. Fu teve sérias crises de diabete em janeiro de 2008 e deixou o Salgueiro para cuidar da saúde. Regina foi eleita em maio. Logo depois, o casamento de mais de 25 anos chegaria ao fim. Mãe de quatro filhos - Renata, de 25; Renato Augusto, de 23 (que tem o rosto da mãe tatuado no braço esquerdo); Louise e Luísa, de 10 -, Regina passou a se dividir entre a casa e o barracão. "A diferença de se ter uma mulher à frente de uma escola é o amor. Eu cuido do Salgueiro como cuido dos meus filhos." Na Sapucaí, Regina inaugurou um estilo - com vestido sensual, sambou junto à bateria, caminhou por entre os ritmistas e desfilou à frente da agremiação, levantando o público. Na concentração, tirou fotos com componentes da escola, deu ordens, resolveu pendências e chorou abraçada à madrinha de bateria, Viviane Araújo. As lágrimas se repetiriam - em abundância - na apuração. Desde a primeira nota 10, em alegorias, ela chorou, tremeu e perdeu o esmalte das unhas. "Eu devo este carnaval a todos os componentes do Salgueiro, que me apoiaram muito", disse, pouco antes de ganhar um banho de cerveja, na comemoração do título.