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Durval acusa deputados de complô e cancela depoimento

Alegando que deputados queriam usá-lo para atrapalhar ação da PF, delator do 'mensalão do DEM' não vai à Câmara

Por Eduardo Bresciani
Atualização:

Por meio de carta enviada por seus advogados, o delator do "mensalão do DEM", Durval Barbosa, comunicou ao Conselho de Ética da Câmara que desistiu de depor no processo relativo a Jaqueline Roriz (PMN-DF). O depoimento dele estava marcado para quarta-feira. A deputada foi flagrada em vídeo de 2006 recebendo um pacote de dinheiro das mãos do delator.Barbosa atribui a desistência a um possível complô para constrangê-lo e atrapalhar as investigações da Polícia Federal. Segundo a carta, parlamentares citados por ele de forma direta ou indireta "estariam se mobilizando para, de alguma forma, constranger o colaborador visando, de forma oblíqua, atingir o seio das diligências ainda em curso". A carta não esclarece quem seriam esses parlamentares.O delator do esquema de corrupção no DF, que ficou conhecido como "mensalão do DEM", destaca ainda que foi aberta uma ação no Supremo Tribunal Federal contra a deputada com base em sua delação e que o conselho teve acesso aos autos. A carta ressalta a força das imagens da deputada recebendo dinheiro. "O vídeo apresentado pelo colaborador, que gerou a instauração de procedimento nesse Conselho de Ética, é autoexplicativo." E conclui que um depoimento seria "desnecessário" e que, por isso, ele declina do convite para depor "terminalmente".O depoimento vinha sendo negociado nas últimas duas semanas. Barbosa tinha concordado em falar desde que a audiência fosse feita a portas fechadas e na PF. O conselho, porém, negociou com os advogados e anunciou que a oitiva seria feita na Câmara e teria um esquema de segurança para proteger Barbosa.O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PDT-BA), classificou como "absurda" a justificativa do delator para cancelar o depoimento.Ele afirmou, porém, que a ausência não compromete a investigação, mas pode atrasar o processo. "Não vai atrapalhar o processo integralmente, o que vai é atrasar porque coisas que ele poderia dizer o relator vai ter que buscar em outro lugar."Na próxima semana o colegiado deve aprovar um convite para que Manoel Neto, marido de Jaqueline, preste depoimento. Assim como Barbosa, ele não é obrigado a comparecer.

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