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Dúvida é se detalhes poderão ser esclarecidos

Falta das caixas-pretas vai dificultar apuração; resgate de destroços pode reconstituir acidente

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Por Redação
Atualização:

A grande dúvida atual dos investigadores do acidente do voo 447 da Air France no Oceano Atlântico é se será possível algum dia conhecer todos os detalhes dessa tragédia. A maior dificuldade está em achar as caixas-pretas contendo todos os dados do voo e os últimos 30 minutos de conversa da tripulação dentro da cabine de comando do jato. Enquanto isso, uma vertente das investigações é resgatar o máximo de destroços possíveis do avião para reconstruí-lo e a partir de então descobrir o que teria levado à pane elétrica e à despressurização. Eis o que dizem os especialistas ouvidos pelo Estado. Acompanhe todo o noticiário sobre o caso 1. Será possível conhecer as causas do acidente? Não se sabe. O grau de conhecimento das causas da tragédia dependerá de vários fatores, como o encontro das caixas-pretas do jato e do maior número possível de destroços. Mesmo que poucas partes do avião sejam localizadas, talvez seja possível compreender a sequência de acontecimentos até a queda do A330 no mar. Parte da fuselagem, peças, cabos, fios, poltronas e outros objetos de bordo podem indicar a existência ou não de explosão ou o que possa ter provocado as panes que levaram à queda. O que ficará difícil conhecer serão todos os fatores que contribuíram para causar essa sequência. 2. Qual a possibilidade de o A330 ter entrado numa espécie de barreira de gelo dentro de uma nuvem? Apesar de as análises meteorológicas apontarem para a inexistência de grandes formações de gelo na altitude que o Airbus estava na madrugada de segunda-feira, pilotos e especialistas em aviação dizem que há, sim, possibilidade de formações de gelo de várias dimensões estarem suspensas no núcleo da CB - cumulus nimbus. Essa nuvem é tida como o "bicho-papão" da aviação. Na CB há grande variação de ventos que podem jogar as aeronaves para o lado, para cima ou para baixo. Essas turbulências severas causam inúmeros incidentes com aviões. 3. Por que o comandante ou o copiloto do AF447 não comunicou ao controle de voo que estava com problemas na aeronave? Não há explicação para isso. As comunicações do piloto se limitaram a um comentário que informava que o jato estava entrando numa área de turbulência. Depois foram registradas várias mensagens automáticas de avaria no sistema elétrico e despressurização enviadas à Air France. Outros pilotos alegam que o comandante e o copiloto do voo 447 podiam estar ocupados em tentar dominar a nave, que estava em queda livre, ou tentando achar uma solução para a pane elétrica. Se houve despressurização severa provocada por um fator ainda desconhecido, não haveria tempo de reação imediata dos pilotos. 4. O sistema elétrico do avião da Air France apresentou falhas? Para que uma falha dessas derrubasse o avião teria de atingir vários sistemas ao mesmo tempo. O sistema do A330 realiza as manobras necessárias para prevenir acidentes iminentes.Esse sistema pode ter falhado. Recentemente, um defeito de computador já causou problemas em voos de Airbus 330 da Qantas (australiana), desligando o piloto automático em pleno voo e jogando as aeronaves para diferentes rumos, deixando-as sem controle. Nos dois casos, os pilotos conseguiram retomar o controle dos jatos. Não está descartada a hipótese de a "ilha eletrônica", compartimento com todos os computadores do avião, ter sofrido uma pane, prejudicando o funcionamento do sistema eletrônico. 5. Como deve ser feito o resgate dos corpos? Corpos de vítimas de acidentes que estão no mar podem voltar à superfície entre 48 e 72 horas após ter ocorrido o desastre. Muitos corpos podem ter afundado junto com partes do avião, o que pode dificultar o resgate, já que as águas naquele trecho chegam a mais de 6 mil metros de profundidade. 6. Como será feito esse resgate dos destroços? Dois navios mercantes internacionais autorizados pela Marinha já estão na região onde foram detectadas partes do avião. Eles podem pegar as peças e enviar para algum navio da Marinha brasileira ou embarcações francesas e norte-americanas que auxiliam nas buscas. Depois, esse material todo vai para o Recife, onde está sendo montada uma base para receber os objetos. A França enviou ontem ao local do acidente dois submarinos para buscas no fundo do mar. Ainda não se sabe se o que está sendo recuperado vai poder indicar as causas do acidente ou dar pistas para se chegar a conclusões.

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