'É um quadro de horror', diz promotora que denunciou João de Deus

Denúncia do Ministério Público reuniu quatro casos de mulheres que seriam vítimas do médium; segundo a promotoria, João de Deus pode ser alvo de novas denúncias

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Por Breno Pires
Atualização:

BRASÍLIA - Responsável pela primeira denúncia por crimes sexuais oferecida à Justiça contra o médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, a promotora Gabriela de Queiroz Clementino afirmou nesta sexta-feira, 28, que os casos reunidos pelo Ministério Público formariam um "quadro de horror". Segundo ela, João de Deus também pode ser alvo de novas denúncias, com base em crimes que ainda estão sob investigação.

Mais de 500 mulheres fizeram relatos contra João de Deus no Ministério Público Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão

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"O Ministério Público entende que há uma conexão probatória entre os casos e por isso ofereceu uma única denúncia", disse Gabriela, em coletiva de imprensa após a formalização da denúncia. Os depoimentos corroboram o relato de cada crime e não há como dissociar e estabelecer as testemunhas específicas para cada imputação feita. Elas formam um conjunto. É um quadro só, um quadro de horror que foi desenhado com várias etapas em uma só pincelada."

João de Deus está preso desde 16 de dezembro no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, a cerca de 105 quilômetros de Abadiânia, cidade onde ele realizava atendimentos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola. Como é investigado preso, a lei exige que a denúncia seja feita em até 15 dias. Esse seria o motivo pelo qual, segundo a promotora, foi oferecida esta denúncia reunindo apenas quatro crimes. 

"Existem outros relatos até mais fortes do que os contidos nessa denúncia que virão em outras peças acusatórias sequenciais", afirmou. Segundo a promotora, o MP e a polícia já colheram, somados, mais de cem depoimentos. Nas próximas etapas, serão ouvidas mais vítimas e testemunhas para embasar outras possíveis denúncias.

A íntegra da denúncia não foi disponibilizada uma vez que o processo corre sob sigilo, razão pela qual os nomes das quatro vítimas e das testemunhas não foram informados. Segundo a promotora, os crimes são de violação sexual mediante fraude e de estupro de vulnerável, com penas entre 2 anos e 6 anos de prisão. Em caso de condenação, as penas de cada crime são somadas.

Segundo a promotora, o oferecimento da denúncia reforça a necessidade de prisão de João de Deus. O médium tenta obter uma decisão de soltura no Supremo Tribunal Federal em um habeas corpus que poderá ser analisado durante o recesso judiciário pelo presidente do tribunal, ministro Dias Toffoli.

"Um dos critérios para a ordem de prisão é que haja indícios de autoria e materialidade. Isso foi visualizado pelo juiz no nascedouro. Hoje, com a conclusão da avaliação e a conclusão do MP de que existe justa causa para oferecer denúncia, a gente visualiza com ainda mais segurança a afirmação da presença desses requisitos", disse Gabriela.

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