Efeitos das drogas dividem médicos

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Em depoimento à polícia, Gustavo de Macedo Pereira Napolitano, de 22 anos, disse que sempre que cheirava cocaína sentia vontade de matar pessoas. A relação entre o crime e o uso da droga divide especialistas. Para o psiquiatra Artur Andrade Guerra Malbergier, coordenador do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas (Grea), da Universidade de São Paulo (USP), o consumo de cocaína não é a razão do crime. Para ele, a droga tem influência, mas não quer dizer que quem usa pense em matar. "Não é padrão sair matando parentes." Ressaltando que falava de forma genérica, pois não conhece detalhes do paciente, o psiquiatra disse que o uso da cocaína deixa as pessoas agitadas, inquietas, com sintomas psicóticos, sensação de perseguição. Elas se tornam agressivas, ouvem vozes. Para o médico Luiz Alberto Chaves de Oliveira, da Clínica Recanto Marisa Teresa, especializada no tratamento de dependentes químicos, "qualquer pessoa sob a influência de grandes quantidades de droga pode cometer atos anti-sociais, que elas não cometeriam sem a droga". Antes de cometer os crimes, Gustavo cheirou 26 papelotes de cocaína. Destacando que possuía apenas informações divulgadas pela imprensa, Oliveira disse que Gustavo consumia grandes quantidades de droga e demonstrava não ter recursos para comprá-la, o que o levou a trocar o carro da família pela cocaína. "O impulso homicida dele não era contra a avó. Era contra qualquer um que tentasse controlá-lo, tanto que ele matou também a empregada, que representava, naquele momento, o poder de controle."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.