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Eficácia do Rodoanel é contestada pela CET-SP

Por Agencia Estado
Atualização:

A prefeitura de São Paulo e o governo do Estado, que apóiam candidatos diferentes nas eleições deste ano, envolveram-se em mais uma divergência. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), vinculada à administração municipal do PT, criticou a eficácia do Rodoanel Viário Mário Covas para desafogar o trânsito da cidade. Para os técnicos da CET, a obra terá pouco impacto na solução do problema, caso o traçado previsto seja mantido e não se criem mecanismos para desviar parte do transporte de carga urbano para o rodoanel. O projeto é uma das bandeiras com a qual o governador Geraldo Alckmin (PSDB) pretende se reeleger. Conforme a CET, cerca de 200 mil caminhões circulam diariamente pelo município de São Paulo. Deste total, 120 mil rodam pelo minianel viário, composto pelas marginais e outras vias de grande fluxo. Para os técnicos da companhia, o mais importante é que apenas 15 mil caminhões (7,5% da frota total) são considerados trânsito "de passagem", ou seja, veículos que, vindo de outras cidades, precisam cruzar São Paulo para seguir seu destino. Assim, o Rodoanel, concebido para desviar o trânsito de caminhões que cruzam a capital rumo a outras localidades, terá um alcance limitado. "Quando totalmente construído, o Rodoanel reduzirá em 60% o volume dos caminhões de passagem pela cidade", afirmou o gerente de Planejamento da CET, Ronaldo Tonobohn. Isto significa, segundo a companhia, que apenas 9 mil dos 200 mil caminhões que transitam diariamente pelo município sairão das ruas, quando todos os trechos da obra estiverem concluídos. O trecho Oeste, cuja segunda parte deve ser entregue até o final do ano, será responsável pela redução de 10% do volume de caminhões de passagem, ou seja, 1,5 mil veículos. Deslocamento O problema, segundo a superintendente de Planejamento da CET, Sania Cristina Dias Baptista, é que, enquanto o rodoanel não for fechado, o trânsito pode até piorar em alguns acessos, como a Marginal Tietê, já que essas vias passariam a funcionar como os trechos ainda não construídos. "O Rodoanel não resolve todos os problemas. Precisamos de investimentos complementares", defendeu. A grande maioria dos caminhões que circulam pela cidade tem, como origem ou destino, o próprio município. Além disso, parte dos veículos de carga circula apenas dentro da própria região metropolitana, saindo de fábricas ou centros de distribuição que abastecem a própria região. A sugestão mais óbvia seria investir em transporte público. Já que a maioria dos caminhões abastece a própria cidade, ou parte de fábricas paulistanas para mercados de outras regiões. A segunda, mais específica para logística, seria criar terminais de transbordo de cargas próximos ao rodoanel. Os terminais serviriam para racionalizar o abastecimento da cidade. As fábricas despachariam sua carga para os terminais, onde seria embarcada em caminhões que percorreriam o rodoanel até o terminal de carga mais próximo de seu destino. Trecho Norte A CET, que é municipal, e o Desenvolvimento Rodoviário SA (Dersa), estadual, também divergem quanto ao traçado do trecho norte do rodoanel. O projeto do governo do Estado propõe um traçado mais afastado da cidade, passando pelo município de Mairiporã. Para Sania, o traçado não é o ideal por diversos motivos. O primeiro é que corta a represa de Guarapiranga, que abastece o sistema Cantareira de água, e ainda não está claro seu impacto ambiental na área. O segundo motivo é seu baixo impacto sobre o trânsito paulistano. O ideal, conforme Sania, seria que o trecho norte fosse mais próximo da Marginal Tietê. O traçado proposto pela companhia é 18 quilômetros mais curto, conforme a superintendente, e permitiria aumentar a velocidade média de deslocamento, no horário do pico matutino, de 31 km/h para 40 km/h, quando todo o rodoanel estiver entregue. O presidente da Dersa, Sérgio Luiz Gonçalves Pereira, evitou polêmicas com os representantes da CET. Limitou-se a afirmar que o traçado do trecho não está definido e que as discussões continuarão em audiências públicas, a partir de setembro. Os representantes da CET e do Dersa participaram hoje do seminário "A Visão da Indústria Sobre o Rodoanel", promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

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