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Ele cultiva, aluga, hospeda e trata orquídeas

Em mais de 20 anos de serviço, Minassian tornou-se um faz-tudo quando o assunto são essas plantas

Por Edison Veiga
Atualização:

Difícil a mulher que permaneça indiferente à beleza das flores. No caso do paulistano - filho de armênios - Apraham Minassian, o que era para ser um agrado à mulher acabou virando o negócio da família. Em 1980, aos 22 anos, ele era funcionário público do Judiciário quando, após um evento no Anhembi, avistou um vendedor de orquídeas e pensou em comprar uma para presentear a mulher, Regina. "Acabei levando logo 12", lembra. "Minha pequena casa ficou parecendo uma floricultura." Encantado com o hobby, seis anos depois abandonou a carreira pública para viver de orquídeas. Trabalhou por alguns meses no Orquidário Morumby, no Brooklin. Em seguida arranjou um sócio e abriu uma loja própria em Santa Isabel, na região metropolitana. "Durante seis anos, percorri o circuito das orquídeas do País", conta. "Todo fim de semana temos pelo menos uma exposição no Brasil." Nessa peregrinação florista, ele conheceu todos os Estados - exceto o Acre - e cidades como Piracanjuba (GO), Gramado (RS), Guaxupé (MG) e Registro (SP). Também por causa das orquídeas visitou Colômbia, Venezuela, Argentina, Peru, Paraguai, Guiana e Equador. Já bastante entendido do assunto, voltou para a capital paulista com uma ideia na cabeça: não só vender, mas também ensinar novos orquidófilos. "Os vendedores costumam falar muitas barbaridades. Eu aprendi com meus erros e queria passar a experiência adiante", afirma Minassian. QUALQUER NEGÓCIO Em 1994 nascia a Armênia Orquídeas, na Avenida Santa Inês, no Horto Florestal. Em cursos de quatro horas que se repetem mensalmente - atualmente custam R$ 50 -, ele calcula que já tenha formado 3,7 mil alunos. Sua loja tem uma área total de 120 m², sendo que mais da metade é um viveiro onde ele cultiva as plantas. "A partir de semente, uma orquídea demora de 5 a 7 anos para florir", comenta. As plantas para presente são vendidas por ele por R$ 15 a R$ 150. "Mas já intermediei negócio de variedades raras com colecionadores que chegaram a US$ 10 mil", garante. Além da loja e dos cursos, Minassian desenvolve outras atividades, todas vinculadas às orquídeas. "Sou armênio. Faço qualquer negócio", brinca. Um espaço de seu viveiro é hotel de plantas. Quem vai viajar pode hospedar sua orquídea ali, pagando uma diária de R$ 1. Por preços que variam conforme o serviço, ele também acolhe plantas doentes e trata da recuperação delas - uma espécie de hospital de orquídeas. "Também faço manutenção em ?orquidário de madame?", diz, enumerando oito clientes fixas, visitadas uma vez por mês. Desde o ano passado, explora um outro filão: o aluguel de plantas. "Eu fico p... da vida quando vejo as pessoas jogando a orquídea fora porque a flor caiu", reclama. Para o consumidor, a solução está em pagar uma "assinatura" para ter sempre exemplares floridos. O serviço, com a entrega incluída, custa R$ 24 por planta por mês. "Mas só fecho contrato com um mínimo de seis unidades, senão não vale a pena por causa dos deslocamentos", se justifica. A planta "usada" retorna ao seu viveiro, onde é cuidada até voltar a florir, no ano seguinte. Seu principal cliente é o Hospital Samaritano, em Higienópolis, que aluga 31 orquídeas. Com 50 anos de idade, Minassian acredita que seus serviços contribuíram para a popularização das orquídeas na cidade. "Quando comecei, havia uns cinco vendedores de orquídeas no Ceasa (a Ceagesp, Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo). Hoje são dezenas", compara. "E você as encontra (as orquídeas) até em supermercados." EM CASA, NÃO Na vida de Minassian, só há um lugar restrito às orquídeas: sua casa. "Lá é proibido, afinal já temos muitas aqui na loja", afirma. O que não significa ausência de plantas. Pelo contrário. Regina tem dezenas de vasos espalhados pela residência. Na maioria deles, cultiva cactos.

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