''Ele nem consegue fazer contas simples'', diz pai de rapaz preso

Publicitário afirma que família tem dívidas e que o filho, de apelido Greg, é apenas usuário de maconha

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Por Clarissa Thomé
Atualização:

Henrique Dornelles Forni, de 26 anos, denunciado pelo Ministério Público Federal como arrendatário de duas bocas de fumo no Morro do Turano e traficante de armas, é descrito pelo pai como um jovem caseiro, com dificuldade de aprendizado na infância, que terminou o colégio com esforço e dedicou-se aos esportes. Casado com a primeira namorada, é pai de um menino, a quem leva e busca na creche. "Meu filho não tem bicicleta, não tem carro, não tem conta em banco", diz o pai, o publicitário Paulo de Tarso Forni. "Ele nem consegue fazer contas simples." O rapaz, conhecido como Greg, está no Presídio Ary Franco, de Água Santa, com outros 36 presos das operações Trilha e Nocaute. Ex-diretor de arte da agência DPZ, Forni diz que se sente vivendo "um circo armado pela PF". "Acordei com sirenes, imprensa, um policial federal entrou na minha casa apontando arma até para meu neto, de 1 ano." Perguntado, Forni disse que o rapaz só fugiu pelas coberturas vizinhas porque foi surpreendido por um homem armado e se assustou. Forni disse que foi indagado se a cobertura na Lagoa, zona sul do Rio, pela qual pagou durante 25 anos, havia sido presente do filho. "Não temos carro. Alugo a garagem por R$ 150 e o dinheiro fica para o Henrique, que ganha pouco como professor de jiu-jítsu (R$ 80 por duas horas de aula). Não acreditaram. Acordaram o oficial da Marinha que aluga a vaga para confirmar". O publicitário, hoje consultor de marketing político, diz que a família tem contas atrasadas e vive junta no apartamento de três quartos - Henrique, a mulher e o filho na suíte que era dos pais, no segundo andar; no primeiro piso, Forni e a mulher dividem o quarto da filha, que passou a ocupar o antigo quarto do irmão. O rapaz, que segundo o pai não bebe, fuma maconha desde os 14 anos. "Prefiro que ele fume maconha a encher a cara de remédios para dislexia. Ele vai para o terraço, fuma maconha, come muito e dorme. Qual o problema? ", pergunta. "Se ele é dono de duas bocas-de-fumo no Turano, cadê o dinheiro? Como podem dizer que ele passa noites no morro, armado de fuzil, se ele quase não sai à noite? Se leva o filho à creche? Ele tem o poder de se teletransportar? Se ele deve à Justiça, não vou passar a mão na cabeça de filho. Mas quero que seja julgado sem que inventem coisas."

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