Eleição das 7 maravilhas foi `farsa global´, diz El Mundo

Jornais espanhóis, franceses e alemães criticam a votação das novas maravilhas

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Por Redação
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Um editorial publicado nesta segunda-feira, 9, pelo jornal espanhol El Mundo afirma que a eleição das sete novas maravilhas mundiais - entre as quais figura a estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro - foi uma "farsa em escala global". O jornal afirma que os espanhóis ficaram "profundamente decepcionados" ao saber que o candidato do país, o monumental palácio muçulmano da Alhambra, na Andaluzia, não receberá o status. "A explicação é bem simples: a eleição se deu por votos através da internet e de telefones celulares. O Brasil tem 188 milhões de habitantes, por isso existia um potencial de votantes muito maior que a Espanha ou a Grécia (que concorria com a Acrópole)", diz o jornal. Apesar de considerar alto o número de votos na eleição - 100 milhões, segundo os organizadores - o El Mundo afirma que o processo foi "um grande negócio" marcado por "simpatias nacionais". "O que (o organizador Bernard) Weber fez não foi divulgar estas grandes maravilhas artísticas do mundo, e sim tirar proveito delas do ponto de vista econômico. O que é incrível é que prefeituras e instituições públicas em todo o mundo tenham se prestado a participar desta farsa global", afirma o El Mundo. "Após o sucesso comercial deste concurso, é certo que dentro de muito pouco tempo serão organizados outros para eleger as sete belezas naturais do mundo ou os onze melhores jogadores de futebol da história", critica o texto. "O negócio está assegurado, porque o público está ávido por este tipo de espetáculos, baseados nas possibilidades de participação oferecidas pela internet e as novas tecnologias. Tudo, entretanto, é apenas espelho criado por um gênio de marketing que deve estar rindo do mundo a estas horas", conclui o jornal. França e Alemanha A crítica ao concurso - e a contestação à eleição do Cristo Redentor - ecoou em outros jornais da imprensa européia. Do país que concorria com a Torre Eiffel, o francês Le Figaro lançou a crítica ao número oficial de votantes: "A organizadora new7wonders reivindica 100 milhões de votos. 100 milhões de votantes? Certamente não: o ´direito´ estava limitado a um voto por endereço eletrônico, nada impedia de utilizar vários endereços por pessoa e multiplicar da mesma forma os votos por mensagens de celular para ´rechear as urnas´ virtuais", criticou o jornal. "Ninguém achava que a Grande Muralha ficaria ausente. Em comparação, as autoridades do Camboja (13 milhões de habitantes) antecipavam a ausência entre os finalistas do principal sítio arqueológico do país, o templo de Angkor." Por sua vez, o alemão Berliner Zeitung diz que a ausência do castelo Neuschwanstein entre os sete escolhidos mostra que "o gosto mundial poderia ser mais refinado". "A nova lista se firmará? Dificilmente. A África e a América do Norte estão ausentes. Também porque a América Latina votou por si e contra os ´gringos´, a Estátua da Liberdade de Nova York não teve chance", criticou o diário alemão. "A pré-seleção dos monumentos foi surreal, com campanhas histéricas sendo lançadas na Jordânia, no Brasil e mesmo na Bavária", afirma o diário. "Além disso, a lista não foi menos eurocêntrica que a antiga, ao contrário do que diz o organizador, o cineasta suíço Bernard Weber: com exceção da Grande Muralha da China e do Taj Mahal, o significado de todas as maravilhas do novo mundo foi originalmente definida por arqueólogos e historiadores da arte ocidentais."

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