PUBLICIDADE

Eleição presidencial vai para segundo turno

Com 98,06% das urnas apuradas pela Justiça Eleitoral, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Marco Aurélio Mello anunciou a eleição presidencial no Brasil irá para o segundo turno

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição pelo PT, e o candidato da aliança PSDB-PFL, Geraldo Alckmin se enfrentarão novamente no dia 29. Com 98,06% das urnas apuradas pela Justiça Eleitoral, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Marco Aurélio Mello, anunciou que a eleição presidencial no Brasil irá para o segundo turno. Até este horário, Lula tinha 48,79% (45.796.036) dos votos válidos; Alckmin (PSDB-PFL), 41,43% (38.880.443); Heloísa Helena (PSOL-PSTU-PCB), 6,85% (6.429.759); e Cristovam Buarque (PDT), 2,67% (2.503.027). Ana Maria Rangel (PRP) tinha 0,13% (124.321); Luciano Bivar (PSL), 0,07% (61.054); José Maria Eymael (PSDC), 0,07% (61.739); e Rui Costa Pimenta (PCO), 0,00%. Marco Aurélio disse esperar uma disputa de alto nível, apesar da existência de ações para impugnar as candidaturas de ambos. No caso de Lula, há uma investigação para verificar se ele teve envolvimento com o episódio da venda do dossiê contra tucanos. Contra Alckmin, foi protocolado no sábado um pedido para que sejam apuradas uma série de supostas irregularidades, entre as quais, suspeita de caixa dois. As ações somente devem ser analisadas pelo TSE no próximo ano. O presidente do TSE evitou falar sobre a eleição de políticos como Paulo Maluf, para a Câmara dos Deputados, e seu primo, o ex-presidente Fernando Collor de Mello, para o Senado. "Tivemos a manifestação dos eleitores. Essa manifestação deve ter a maior eficácia . Reconheçamos a vontade dos eleitores", afirmou. Mas Marco Aurélio manifestou-se sobre o retorno à Câmara de candidatos suspeitos de envolvimento em esquemas como mensalão e sanguessuga. "Como presidente do TSE eu tenho de reconhecer a realidade, o resultado das urnas. Como cidadão, posso me sentir um tanto decepcionado, frustrado", disse. São Paulo definiu disputa Lula teria vencido no primeiro turno se tivesse alcançado 50% dos votos válidos mais um voto. Durante toda a apuração, ficou indefinido se de fato ele conseguiria este resultado. Por volta das 22h30, entretanto, o resultado já indicava o segundo turno. Isso porque, enquanto na maioria do Nordeste, onde Lula venceu por ampla margem, a apuração estivesse encerrada ou próxima do fim, a totalização em São Paulo, onde o tucano teve ampla vitória sobre o presidente da República, ainda não apurara pouco mais de 22% dos votos. Diferenças O desempenho de Lula teve forte base em votos dos Estados do Nordeste, onde foi beneficiado por resultados como os da Bahia (com 94,66% do eleitorado apurado, 66,82% para Lula, e 25,64% para Alckmin) e Pernambuco (com 99,47% do eleitorado apurado, 70,94% para o presidente e 22,86% para seu principal oponente). Alckmin, porém, além da diferença de cerca de 20 pontos em São Paulo, surpreendeu em Minas Gerais, o segundo colégio eleitoral do Brasil. Lá, com quase 100% dos votos apurados, Lula tinha 50,72% dos válidos, mas o tucano, 40,68%. Segundo turno Alckmin continuará desfraldando a questão ética no segundo turno, mas o seu principal objetivo será quebrar a hegemonia do adversário Lula no eleitorado de baixa renda e apresentar-se como opção real para essas faixas. Já Lula ainda não tem uma estratégia discutida: ?Nossa estratégia é ganhar?, disse ontem o coordenador da campanha, Marco Aurélio Garcia. Além de repisar a questão ética - com uma agressividade que dependerá dos desdobramentos do escândalo do dossiê Vedoin e das reações do adversário -, Alckmin procurará mostrar ao eleitorado mais pobre que seu programa de governo e sua capacidade gerencial são capazes de melhorar a vida dessas pessoas. Para seus estrategistas, não dá para continuar batendo apenas na tecla ética, porque agora Alckmin precisará tirar votos de Lula para vencer e a questão ética não sensibiliza o eleitorado de renda e escolaridade baixas. Durante a noite, em meio às emoções da apuração dos votos, os principais dirigentes de campanha e assessores de Lula disseram que nos últimos dias não pararam para discutir uma estratégia aprofundada para a campanha do segundo turno, por duas razões: a primeira é que a crise do dossiê Vedoin não deixou muito tempo para discussões estratégicas de segundo turno; a segunda é que os lulistas contavam ganhar no primeiro turno. Mas eles adiantaram que a principal arma de Lula será continuar fazendo a comparação das realizações de seu governo com as da gestão Fernando Henrique Cardoso. A idéia dos petistas é continuar provocando comparações do atual governo com o governo passado, que, segundo ele, produziu bons resultados na campanha do primeiro turno. Apoios A senadora Heloísa Helena, que concorreu à presidência pelo PSOL, já disse que seu partido não apoiará nenhum dos dois candidatos no segundo turno das eleições. "Seria uma desmoralização para o PSOL rasgar 12 anos de história de resistência, de confronto político contra o projeto neoliberal representado pelo PSDB e de confronto com a gangue partidária em que se transformou o governo Lula", afirmou. Ela insistiu, no entanto, que os apoiadores de seu partido são homens e mulheres livres, com capacidade para definir em quem em quem votar. Quanto à possibilidade de partidários do PSOL fazerem a pregação do voto nulo, ela disse que se trata apenas um detalhe. A senadora considerou positivo para o PSOL o resultado da eleição, considerando que se trata de um partido novo, fundado há apenas dois anos. Já Cristovão Buarque reiterou que vai posicionar-se claramente para o segundo turno. Porém, manteve em suspenso sua decisão pessoal. Conforme assinalou, a posição do PDT deverá ser tomada na próxima semana, em uma reunião da sua direção, na qual o senador terá apenas um único voto. "Claro que vou (me posicionar)". Não há nenhum constrangimento", afirmou. "O primeiro turno é para escolher aquele que consideramos o melhor. O segundo turno é para escolher o menos mau. A gente vai escolher aquele que traz uma proposta mais próxima da nossa." De antemão, impôs quatro condições ao candidato que receberá o apoio do PDT: o compromisso total com a Democracia, "sem romper nenhuma de suas regras; acabar com a reeleição para cargos do Executivo; colocar a educação como prioridade; defender os diretos trabalhistas. Propaganda eleitoral A propaganda eleitoral do segundo turno na TV e no rádio começará 48 horas depois de proclamado o resultado oficial do primeiro turno. Se todos os votos forem contados até seguna-feira, dia 2, por exemplo, a propaganda terá início na quinta-feira. Cada candidato a presidente e a governador terá 20 minutos diários na tv e no rádio divididos em dois períodos: no rádio, falarão a partir das 7h e das 13h; na TV, a partir das 12h e das 20h30. Os candidatos terão direito ainda a 7 minutos e 30 segundos diários cada um para veicular comerciais no rádio e na TV. A propaganda e os debates entre candidatos terminam no dia 27 de outubro.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.