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Eleitor catarinense une PT ao DEM

Bornhausen previu fim da 'raça' petista por 30 anos e Lula quer 'extirpar' partido do ex-senador, mas Estado monta chapa com Dilma e Colombo

Por Anne Warth
Atualização:

No último dia 13, o presidente Lula fez um dos discursos mais inflamados de toda a campanha eleitoral. Durante comício para 12 mil pessoas em uma praça no centro de Joinville, disse que o DEM era um partido que deveria ser "extirpado" da política brasileira.Foi um recado claro aos Bornhausen, família das mais influentes na política estadual, e em especial ao ex-senador Jorge Bornhausen. Há cinco anos, no auge da crise do mensalão, Bornhausen previu a derrocada do PT. "Estou é encantado, porque estaremos livres dessa raça pelos próximos 30 anos", disse então, numa referência aos petistas.Mas os eleitores catarinenses estão mostrando que nem Lula nem Bornhausen estavam certos. Em Santa Catarina, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, ultrapassou José Serra (PSDB) e lidera a pesquisa de intenção de voto divulgada pelo Ibope em 10 de setembro, com 42%, contra 37% do tucano. Já para o governo do Estado, quem ocupa o primeiro lugar nas sondagens é Raimundo Colombo (DEM), afilhado político dos Bornhausen, que ultrapassou Angela Amin (PP). De acordo com a pesquisa Ibope de 10 de setembro, Colombo tem a preferência de 34% dos eleitores, ante 27% de Angela. Além do Rio Grande do Norte, onde Rosalba Ciarlini (DEM) lidera a pesquisa Ibope divulgada em 11 de setembro, com 50% das intenções de voto, Santa Catarina é o único Estado onde candidatos do DEM têm chances reais de vitória no País.Prefeito de Lages por três vezes (1989-1992 e 2001-2006), cargo que deixou em 2006, quando venceu as eleições para o Senado, Raimundo Colombo se tornou candidato ao governo catarinense quando ninguém mais acreditava na manutenção da tríplice aliança, como é conhecida a coligação entre PMDB, PSDB e DEM no Estado, formada há quatro anos. Em 1998 e 2002, o DEM, ex-PFL, esteve ao lado de Esperidião Amin (PP), que na época era um dos políticos mais influentes no Estado. Amin venceu as eleições para o governo em 1998 ainda no 1.º turno e saiu na frente em 2002, mas, na disputa do 2.º turno, perdeu para Luiz Henrique da Silveira (PMDB), que teve apoio de Lula e obteve uma vantagem de apenas 20 mil votos. Pavan. Em 2006, Luiz Henrique foi reeleito governador de Santa Catarina, novamente contra Amin, mas, dessa vez, com o DEM a seu lado e na oposição ao governo Lula. Luiz Henrique renunciou ao cargo de governador em março deste ano para concorrer ao Senado, e o candidato natural à sua sucessão era o vice-governador, Leonel Pavan (PSDB). No fim de 2009, contudo, Pavan perdeu força depois que foi denunciado pelo Ministério Público por supostamente ter recebido R$ 100 mil para reabilitar a inscrição estadual de uma empresa suspensa pela Secretaria Estadual da Fazenda.A disputa pela indicação para a vaga de governador em 2010 envolveu Pavan (PSDB), Colombo (DEM) e Eduardo Pinho Moreira (PMDB), presidente do Diretório Estadual do partido. Com três nomes fortes, nenhum dos partidos da tríplice aliança admitia recuar e a coligação esteve muito próxima de ruir. Confiando nessa hipótese, Pavan afirmou que desistiria da eleição caso PMDB e DEM se acertassem, algo que parecia remoto àquela altura. No fim de março, contudo, Luiz Henrique entrou em cena. Ele se reuniu com Jorge e Paulo Bornhausen, Colombo e Pinho em Joinville e no dia seguinte anunciou o acordo que lançou Colombo para o governo, Pinho para vice. Pavan ficou sabendo da decisão pela imprensa. Magoado, decidiu não participar da campanha.É no mesmo lugar da reunião, a casa de Luiz Henrique Silveira, que Colombo e Pinho Moreira comemoram os resultados das últimas pesquisas. Tranquilos e satisfeitos ao fim de um dia de campanha por Joinville e arredores, os três fazem campanha juntos. "Há uma harmonia muito grande entre nós, algo que dá leveza à campanha. Não há disputa de personalidade nem conflitos", diz Colombo. "Foi difícil, mas o nosso "casamento" deu certo", conta Pinho. "Não foi uma obra individual, foi uma construção coletiva", diz Luiz Henrique.

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