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?Eleitor consciente é aquele que busca informação?

Rosângela Torrezan Giembinsky, vice-coordenadora do movimento Voto Consciente

Por Agencia Estado
Atualização:

Se abalam o País e geram descrença, por outro lado os escândalos e a crise política tiram o eleitor da ?zona de conforto? e da inação. ?As pessoas começam a pensar em fazer alguma coisa?, diz a vice-coordenadora-geral do movimento Voto Consciente, Rosângela Torrezan Giembinsky, responsável por um projeto de acompanhamento dos deputados estaduais paulistas. O site da ONG recebeu 122 mil visitas em agosto e, neste mês, os acessos dispararam. Rosângela avalia que, embalado pelos escândalos, o interesse por votar cresceu neste ano, assim como as informações disponíveis. Mas adverte que a mudança será fruto de um esforço pessoal: ?O eleitor consciente é aquele que não deixa para a última hora para votar. Mesmo sendo difícil, ele busca informação, assiste ao horário político, lê sobre política e discute sobre política.? A dirigente da ONG acompanha há 19 anos o trabalho da Câmara Municipal e da Assembléia paulista. Trabalho que cresceu e hoje se estende a mais de 40 Legislativos municipais e Assembléias, em todas as regiões do País. Neste ano, estão sendo criados 20 grupos. Na internet, os sinais de que algo está mudando. E a tendência é o interesse do eleitor crescer ainda mais, prevê Rosângela, em entrevista ao Estado. Como começou o trabalho do Voto Consciente? Era 1987 e havia pressão por uma nova Constituição. Queríamos apontar o que as pessoas eleitas para resolver os nossos problemas pensavam dos nosso problemas. Não existia nenhuma organização que fizesse esse trabalho e os políticos achavam que não precisam prestar contas. Vocês têm vinculação com algum partido ou políticos? Somos um grupo suprapartidário. Não tem ninguém por trás de nós. Somos nós e nós mesmos. A senhora acha que nesta eleição há uma procura maior dos eleitores por informações pela internet? Acho que sim. Em razão de estarmos numa crise política, em meio a escândalos, sempre provoca um pouco as pessoas. Elas saem dessa zona de conforto e começam a pensar em fazer alguma coisa. Nosso interesse é que as pessoas passem da indignação para uma ação efetiva. Nós somos, por exemplo, contra o voto nulo. Achamos que é uma indignação que não vai levar a lugar nenhum. Como o eleitor vota hoje? O eleitor tem uma grande queixa, que é o acesso à informação. Ele acha difícil acessar os dados. Quando o Voto Consciente diz que é preciso buscar o perfil do candidato, o que ele já fez, a história dele, o programa de governo, o eleitor diz: ?Mas onde tem isso?? Como segunda queixa, ele diz que, após as eleições, o político não responde, o acesso é difícil. E a gente sabe que realmente não é assim tão simples. Quais as características de um eleitor consciente? O eleitor consciente é aquele que não deixa para votar na última hora. Mesmo sendo difícil, ele busca informação, assiste ao horário político, ele lê sobre política e discute sobre política. Por que eu digo isso? Existe uma questão no marketing que diz que tudo está aí, mas você só apreende e aprende aquilo por que tem um certo interesse. Por exemplo, se você está procurando casa para comprar ou alugar, vai começar a ver casa na rua. Se não está alugando nem comprando, não vê. Na política acontece a mesma coisa. Tem informação, os meios de comunicação falam sobre política, mas o cidadão que diz ?eu não gosto de política?, ?eu não quero saber? ou ?isso não tem nada a ver comigo? não vai captar essa informação. Mas o eleitor, em decorrência de tantos escândalos, está realmente mais interessado neste ano? Há um movimento bem grande das pessoas, dos jovens, de buscar informação e de participar. A gente sente que existe um movimento maior, e é crescente. Nós até fizemos uma pesquisa, o Voto Consciente junto com oito países, dentro de um projeto da Rede Interamericana pela Democracia. No ano passado, em julho, no auge dos escândalos, medimos o índice de participação no Brasil. E ele foi muito maior do que no ano anterior, 2004. Então é crescente. Em 2004, éramos o índice mais baixo desses países e em 2005 foi o índice mais alto. A gente atribui aos escândalos da época.

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