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''''Eles não sabiam o que fazer''''

Enfermeiros não tinham treinamento, dizem familiares

Por Jones Rossi
Atualização:

Às 22 horas de anteontem, quando o cheiro de fumaça se espalhava pelos corredores do Hospital das Clínicas, o pai de Otacílio da Costa Alecrim, um dos pacientes no Prédio dos Ambulatórios, estava sendo levado para um exame. Para sua sorte, seu filho Otacílio Júnior o acompanhava. Com os elevadores fora de serviço e as rampas de acesso interditadas, Otacílio Júnior carregou o pai, em uma cadeira de rodas, por cinco andares, até conseguir sair do prédio. Voltou ainda para ajudar no resgate de mais quatro pessoas. "Não sei o que seria do meu pai, se eu não estivesse lá. Provavelmente teria sido deixado lá." O pai tem câncer e precisa de vários medicamentos diariamente. Otacílio desceu com ele até um dos estacionamentos do centro médico, onde ficam as ambulâncias. Parentes de outros pacientes que estavam no hospital na hora do incêndio e não quiseram se identificar relataram que "os enfermeiros não sabiam o que fazer" na hora do incêndio e "mandaram quem ?tinha condições? descer pela escada". Segundo essas pessoas, "quem não tinha acompanhante ficou às traças", enquanto vários atendentes lamentavam a falta de treinamento. Um dos acompanhantes relatou que teve de ir ele mesmo atrás de medicamentos. INCOR Parte do atendimento feito aos pacientes do HC coube aos empregados do Incor. Poucos minutos antes de o incêndio começar, as equipes do turno do dia e da noite se reuniram para rezar e pedir uma noite tranqüila. Não foram atendidos. Pouco depois, estavam levando água para os pacientes do HC. Para acalmar quem estava no Incor, desligaram todas as TVs e pediram para os acompanhantes não contarem o que estava acontecendo ali na frente. "Foram muito solidários", contou Vilcenéia de Oliveira, que estava no Incor acompanhando a mãe.

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