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Em 1942, Mário de Andrade já levantava possibilidade

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Por Redação
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Em novembro de 1942, o poeta Mario de Andrade, que trabalhava no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), escreveu um relatório sobre a Igreja do Carmo, em que levantava a hipótese da existência da pintura do padre Jesuíno do Monte Carmelo. Segundo o historiador do Iphan Carlos Cerqueira, o poeta paulistano afirmava a certeza da existência da obra. "Ele só dizia não ter idéia do estado da pintura." Numa carta ao amigo Rodrigo de Melo Franco, Mario de Andrade chamou a obra de "a pintura invisível de Jesuíno". Cerqueira disse que o poeta escreveu Padre Jesuíno do Monte Carmelo - Vida e Obra. Além das pinturas na Igreja do Carmo, Jesuíno, que também foi escultor, entalhador e músico, é autor da obra no teto da Igreja de Nossa Senhora do Carmo e da Igreja de Nossa Senhora do Patrocínio, ambas em Itu. De acordo com o historiador, Andrade descobriu que, na década de 20, a igreja passou por reforma, comandada pelo arquiteto Ricardo Severo. Na intervenção, os arcos originais que dão sustentação à nave - retirados numa reforma anterior - foram recolocados, deixando a imagem pintada de Nossa Senhora do Carmo com uma disposição que não fazia sentido. "Mario estranhou, porque um artista toma muito cuidado com a composição e jamais colocaria a imagem naquele enquadramento." Andrade sabia que as imagens de doutores da igreja nas laterais do forro da nave eram atribuídas a Jesuíno. "Num livro de despesas da Ordem Terceira do Carmo, havia registros do pagamento ao pintor." Em 1959, prospecção feita por Edson Mota, a pedido do Iphan, reforçou as suspeitas. Na final da década de 80, Cerqueira começou a estudar a Igreja do Carmo e deu início ao tombamento do local. No processo, pediu a realização de trabalhos para desfazer o mistério.

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