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Em 2000, Bope matou refém e sequestrador do ônibus 174

Sequestro de coletivo no Rio fez o carioca relembrar drama vivido há mais de 10 anos e que virou filme

Por Fabio Mazzitelli
Atualização:

RIO - O sequestro de ontem fez o carioca reviver o pesadelo do ônibus 174, que parou a cidade em junho de 2000 e terminou com a morte de uma refém e do sequestrador. Ontem, as negociações conduzidas pelo comandante do Bope, William René, conseguiram a libertação dos reféns em uma hora. O sequestro ocorrido há 11 anos terminou tragicamente, após 4h15.

 

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Em 12 de junho de 2000, o ex-menino de rua Sandro do Nascimento, então com 21 anos, anunciou um assalto por volta das 14h30 e, sob a mira de um revólver 38, manteve dez pessoas reféns no coletivo que fazia a linha Gávea-Central do Brasil, na Rua Jardim Botânico, no bairro de mesmo nome, coração da zona sul do Rio.

 

Com o ônibus cercado pela polícia, Sandro passou a usar as câmeras de TV que transmitiam o sequestro ao vivo durante a tarde para fazer ameaças performáticas, pondo a cabeça para fora do veículo com a arma em punho e mandando uma refém escrever com batom frases de terror nos vidros.

 

Depois de uma longa negociação e com quase todos os reféns libertados, por volta das 18h45, Sandro desceu do ônibus levando consigo, como escudo humano, a professora Geisa Firmo Gonçalves, de 20 anos. Nessa hora, um policial do Bope se aproximou e atirou quase à queima-roupa, com arma de grosso calibre. O disparo do policial, que tinha como alvo o assaltante, matou a professora. Sandro do Nascimento foi rendido e morto minutos depois no carro da PM. Em 1992, ele havia sobrevivido à chacina da Igreja da Candelária, que matou oito meninos de rua no centro do Rio em ação atribuída a policiais.

 

Depois da tragédia de 2000, a linha 174 foi rebatizada para 158. Em 2002, o episódio foi tema de um premiado documentário, Ônibus 174, primeiro longa-metragem do diretor José Padilha, que depois dirigiu Tropa de Elite. Em 2008, o mesmo sequestro ganhou outra releitura de ficção no cinema - Última Parada 174, de Bruno Barreto.

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