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Em 4ª denúncia, presa era obrigada a 'massagear' delegado

Na cidade Parauapebas, no interior do Estado, jovem de 25 anos ficou 45 dias presa em uma cela com 70 homens

Por Carlos Mendes
Atualização:

Mais três casos de mulheres convivendo com homens na mesma cela foram reveladas na quinta-feira, 22, em Belém, no Pará. Em um deles, uma presa, cujo nome não foi divulgado, passava o dia em liberdade, mas era obrigada a dormir na delegacia em companhia de vários presos. A sua situação era constrangedora, pois a mulher era constantemente convidada pelo delegado para "massagear" seus pés. Eles ganharam destaque depois da denúncia de L., que foi recolhida pelo Conselho Tutelar de Abaetetuba, após passar 15 dias com 20 homens na cadeia da cidade. Por decreto, PA tira menor da cadeiaPai diz que polícia queria mentira sobre a idade de L. Policiais, promotores e juiz sabiam que garota dividia a cela com 20 homens O caso de São João de Pirabas, onde uma presa era obrigada a fazer massagem em um delegado, foi registrado há quatro meses. Depois da denúncia ser apresentada pela mulher, o policial foi afastado e colocado à disposição da corregedoria. A denúncia mais grave foi registrada em Parauapebas, no sudeste paraense. Na cadeia da cidade, uma jovem de 25 anos dividiu a mesma cela com 70 homens durante 45 dias. Só no final da manhã de quarta-feira, a mulher, cujo nome ainda não foi divulgado, acabou transferida para outra unidade da polícia, passando a ocupar uma cela individual. O lugar no qual ela ficou só tem capacidade para 30 pessoas. A mãe da jovem, Luzia Santos, levava alimento todos os dias para a filha. "Eu venho sempre aqui. E ela lá dentro, naquele sufoco, no meio de tantos homens", reagiu. A jovem foi presa com o namorado, acusada de porte ilegal de arma e formação de quadrilha. "Aqui não temos presídio nem delegacia pública", justificou o delegado da cidade, André Albuquerque. A cidade de São Miguel do Guamá também registrou um caso de mulher com homens na cadeia. Uma moça ficou mais de 15 dias entre homens na delegacia. Depois de muita insistência dos parentes, ela foi transferida para Belém. Apesar de todos esses casos, relatados, o delegado-geral adjunto da Polícia Civil do Pará, Justiniano Alves Junior, informou, na quinta, que há 47 mulheres presas em 27 delegacias do interior do Estado, mas nega que elas estejam misturadas em celas com homens. O município de Portel, no arquipélago do Marajó, é o que tem mais mulheres presas - seis. Com essa relação nas mãos, a secretária de Segurança Pública, Vera Tavares, pedirá ainda nesta sexta à Justiça a transferência de todas para o presídio feminino que fica na periferia de Belém. 

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