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Em 4 dias de paralisação da PM no ES, 270 lojas são saqueadas

Fecomércio avalia prejuízo em R$ 110 mi; Moradores cobraram volta de policiais militares às ruas

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Por Marcio Dolzan
Atualização:
O reforço da Força Nacional e dos militares do Exército e da Marinha só foi sentido no fim do dia Foto: WILTON JUNIOR / ESTADAO

VITÓRIA - No quarto dia de greve, a sensação de insegurança ainda domina a população: ônibus circularam parcialmente, empresas liberaram funcionários, poucos se arriscaram a sair de casa, e apenas parte do comércio abriu. A Federação do Comércio avalia o prejuízo em pelo menos R$ 110 milhões (R$ 20 milhões de saques e R$ 90 milhões em vendas perdidas). Ao todo 270 lojas foram roubadas.

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Moradores continuaram a compartilhar nas redes sociais imagens de assaltos à luz do dia. À noite, os terminais de ônibus fecharam. Só nesta segunda, 200 carros foram roubados no Estado, ante a média diária de 20.

E a situação pode piorar: a Polícia Civil decide quinta-feira se adere à greve. E o Sindicato dos Rodoviários anunciou que os ônibus não circularão hoje. Segundo Edson Barros, presidente do sindicato, um motorista foi obrigado, sob a mira de revólver, a usar o ônibus para invadir uma loja.

O reforço da Força Nacional e dos militares do Exército e da Marinha só foi sentido no fim do dia. Pela manhã, com as tropas ainda em deslocamento, a reportagem do Estado circulou pelo Centro e não viu policiamento. Nesta terça, apenas 500 policiais militares foram às ruas em todo o Estado. Em circunstâncias normais, o efetivo seria pelo menos quatro vezes maior apenas na Grande Vitória.

Segundo o secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, André Garcia, “a situação está se normalizando” e deve regularizar-se hoje, quando todo o efetivo previsto de homens das Forças Armadas (1.000) e da Força Nacional de Segurança (200) estarão nas ruas da Grande Vitória. 

O novo comandante-geral da Polícia Militar do Espírito Santo, coronel Nylton Rodrigues, determinou que todos os agentes se apresentem diretamente no local onde farão o policiamento, sem passar pelos batalhões. A alternativa, contudo, não resolve totalmente o problema, já que os PMs terão de fazer o patrulhamento a pé. 

Sobre isso, o comandante-geral declarou ser “um primeiro passo”. “Todos os problemas muito graves são resolvidos em partes. Temos de dar o primeiro passo. Estou dando, para depois dar o segundo. Nós não temos condições de resolver um sério problema, uma crise desse tamanho, da maneira que nós gostaríamos.”

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Protestos. Nesta terça, um grupo de pessoas reclamou da paralisação na frente do Quartel Central da PM. A maioria se disse sensível à causa dos PMs, mas todos relataram que o caos na segurança pública, que se instalou desde sábado, afetou o trabalho e, consequentemente, as finanças da casa. 

“Desde sábado não vejo uma única moeda”, contou o serralheiro autônomo Ronaldo Baldan Ferreira, de 46 anos. “Faz três dias que não trabalho. Tenho medo de sair para a rua e não voltar. Como vou ter certeza de que não vai aparecer um bandido?” Ele proibiu a família de ir para a rua. “Eles (PMs) estão no direito de protestar. Só não pode acontecer isso que está acontecendo aqui.”

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