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Em cima da hora,Chávez suspende viagem ao Brasil

Presidente venezuelano cancelou visita que faria hoje ao País após sentir dores no joelho; data de novo encontro ainda não foi marcada

Por Lisandra Paraguassu e BRASÍLIA
Atualização:

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, cancelou ontem a visita oficial que faria hoje ao Brasil. A informação foi repassada ao governo brasileiro pelo chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, que chegou na noite de ontem a Brasília. Chávez ficou em Caracas por recomendação médica, para tratar uma lesão no joelho, e poderá passar por uma cirurgia. Ainda não foi marcada uma nova data para a visita. Seria a primeira reunião de trabalho entre o venezuelano e a presidente Dilma Rousseff desde a posse desta, em janeiro. Na vinda de Chávez ao Brasil, para sua posse, não chegou a haver nenhuma conversa de trabalho entre os dois. Se ocorresse hoje, no entanto, esse encontro deveria terminar com poucos resultados práticos. Dois dos principais temas que seriam abordados pelos líderes não têm nenhuma solução à vista. Uma delas, a conclusão da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, é assunto recorrente entre os dois governos.Tudo indica, no entanto, que não terá sucesso a intenção venezuelana de obter um empréstimo do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à Petroleos de Venezuela S.A. (PDVSA) para que esta faça o investimento necessário na construção da refinaria. O fechamento desse empréstimo depende de um conjunto de garantias que os venezuelanos não conseguiram apresentar - e sem as quais não haverá liberação do dinheiro por parte do banco brasileiro.No início deste mês, a Petrobrás, que seria sócia da PDVSA na construção, enviou carta à empresa venezuelana estabelecendo prazo até agosto para uma solução. Se até lá não houver acordo, a estatal brasileira deverá assumir sozinha a construção. Só um terço. O negócio, acertado entre Chávez e o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2005, nunca foi adiante por falta de recursos da Venezuela. Como só a Petrobrás tocou sua parte, apenas 35% da estrutura da refinaria estão prontos. Chávez ainda pretendia discutir em Brasília a retomada das negociações para a construção do gasoduto do sul, que iria da Venezuela à Argentina atravessando o Brasil. Caro, com alto impacto ambiental e desnecessário para o Brasil, o gasoduto está longe de entrar na pauta prioritária do País. A esperança do presidente venezuelano é resgatar a simpatia que Dilma Rousseff já teve pelo assunto.A visita de Chávez seria a retomada de encontros trimestrais que o governo brasileiro mantém com os colegas do Mercosul, instituídos por Lula, e servirá de aproximação entre os dois governos. Até agora, Dilma já esteve com Cristina Kirchner, da Argentina, e tem viagens marcadas para o Paraguai, no domingo, e para o Uruguai, no dia 23. A presidente deve ir à Venezuela em julho, para participar da Cúpula dos Países da América Latina e Caribe.Rota canceladaO Brasil seria o primeiro de três países da América Latina pelos quais Hugo Chávez passaria. O venezuelano havia marcado visitas oficiais ao Equador e também a Cuba.

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